segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Gente que você não conhece, mas deve conhecer - John Lennon



John Lennon: um louco sonhador? 

Saiba mais sobre a vida do Beatle que inspirava um mundo melhor, com seus sonhos e desejos.

 Um idealizador? Não. Apenas um cara normal! 

Reportagem: Marcelo Zorzanelli 

O mito John Lennon tinha sonhos e desejos de um homem normal. Sua vida marcou história. John Lennon virou mito. Mas, mais do que isso, embora admirado e tido por muitos como um sábio, um ser mais elevado, ele era um cara normal. Um cara normal que vivia intensa e apaixonadamente. 

 Nascido em Liverpool, em 1940, John disse que sempre se sentiu diferente. Sua mãe, muito jovem, deu o filho para a irmã criar e foi morar quarteirões adiante. O pai desapareceu. A infância pobre fez com que o menino devorasse livros. 

Sua paixão era a arte. Desenhava seus próprios personagens, escrevia poemas aos sete anos e não gostava da escola formal. 

 A salvação surgiu no começo da adolescência: o rock. Ele fez disso um hobby e sua paixão.Vestiu-se de couro e gomalina, comprou uma guitarra elétrica barata e tocou até os dedos sangrarem. Conheceu Paul numa quermesse de igreja, George por intermédio de Paul e Ringo durante um show da banda que haviam montado. Tocaram durante dias, sem dormir, sustentado por cerveja e anfetaminas. 

 A partir daí as coisas andaram rápido. Descobertos por um empresário, fecharam contrato com uma gravadora e em três anos já podiam ser considerados estrelas. John trabalhava como nunca imaginou que trabalharia. 

 Rito de passagem 

 John tinha opiniões e um jeito muito especial de expressá-las. E logo foi possível notar que havia ali um sujeito intrigante. O lado filósofo apareceu em 1963, durante uma apresentação ao vivo na TV, para uma platéia peculiar. Antes de tocar "Twist and Shout", John pediu que as pessoas nos assentos mais baratos acompanhassem a canção batendo palmas. O resto podia apenas sacudir as jóias. "O resto" eram os príncipes, duques, condes, a rainha. Seu medo e hesitação enquanto dizia essas palavras estarão para sempre gravados em filme, como atestados de seu rito de passagem para os assuntos mais sérios. O sucesso logo os conectou com influências do mundo todo e o lado apaixonado de John Lennon, inquietou-se. Ele expandiu as canções dos Beatles para mais perto do espírito da juventude universitária americana. Mas ainda falava de si mesmo. A paz e o amor entre os povos não eram assunto. Pode-se dizer que John transformou-se num poeta de mão cheia. 

 Cara-metade 


 Entra em cena a japonesa, em 1966. John encontra Yoko Ono em uma exposição de arte. Ele se apaixonou na hora. Com Yoko a tiracolo, John e os Beatles são convidados em 1967 para estrelar a primeira transmissão ao vivo de áudio e vídeo para todo o mundo, originada da Inglaterra. Mas teriam que cantar algo inédito. Duas semanas depois, a canção "All You Need Is Love" era ensaiada e cantada nos estúdios da BBC. Espiritualmente, esse foi o ponto alto da década. Mas o sonho de mudar o mundo à base de boa vontade começava a acabar. O empresário da banda morreu de overdose. John começou a tomar heroína. E Yoko passou a ser companhia constante nas gravações. Um divórcio dos Beatles já era cogitado. 

 Paz no coração 

 Quando acabou, em 1970, John já tinha uma nova paixão. Primeiro foram os compactos em parceria com Yoko. Depois, as campanhas pacifistas. O casal transformou seu casamento numa coletiva de imprensa de uma semana, posando para fotos na cama de um hotel. Foi então que a raiva do jovem John veio à tona. Somente aos 30 anos. Internou-se com Yoko na clínica do doutor Janov, o pai da "terapia do grito primal", em que os pacientes eram estimulados a gritar, chorar e bater em objetos, para liberar traumas reprimidos na infância. Daí nasceu Plastic Ono Band, um disco gravado em no máximo dois takes para cada música, com canções expressivas que deveriam funcionar como confissões brotadas diretamente do inconsciente. Um ano após decretar o fim do sonho, John retorna com nada menos que o sonho dos sonhos: "Imagine se não houvesse paraíso. É fácil se você tentar...". Era "Imagine", uma canção que ele vinha amadurecendo havia três anos. Foi como se tivesse rebobinado o sonho. John transforma sua vida pública numa campanha permanente contra a guerra. Torna-se figura fácil nos protestos e talk shows, sempre com algumas palavras de ordem na ponta da língua. 

 Fase caseira 

 Aos 35 anos, finalmente, a maturidade. John baixa a crista e se cansa de bater na mesma tecla. Ser dona-de-casa aos 37 anos foi sua última e grande paixão. De alguma forma, uma vida levada às últimas consequências parece ter dado a ele clareza e tranquilidade para enxergar a felicidade dentro de casa, ao lado da família, fazendo coisas simples. 

 Alguns anos depois, ele gravou um disco lindo, ao lado de Yoko, dizendo que seu maior hobby era sentar nas calçadas de Nova York e olhar as rodas dos carros passando rápido. "As pessoas não entendem como posso não estar frustrado de ter saído da roda-viva do sucesso. Saltei daquele carrossel." Parece que essa mensagem não chegou ao fã louco que só queria virar celebridade. Com cinco tiros, achou que matava um mito. Matou apenas um homem comum. 

 John era um homem normal apaixonado, sem medo de errar. Se é possível tirar uma lição da vida de alguém, a da vida dele é esta: siga suas paixões. Esforce-se por realizá-las. "Fica fácil se você tentar."

Revista Vida Simples 

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