domingo, 12 de fevereiro de 2012

Crônica do Dia - Uniforme, Mochila e . tablet - Marcus Tavares - Jornal O Dia

Se a volta às aulas é sinônimo de alegria para as crianças e jovens, para os pais, hora de apertar ainda mais o bolso. A lista de material solicitado pelas escolas aumenta, muitas vezes, na mesma proporção dos preços. Haja pesquisa e descontos. O que vem chamando a atenção é o que muitos responsáveis têm se perguntado: por que é preciso comprar tantos livros didáticos se vivemos hoje num mundo tecnológico, com computadores e tablets, nos quais as obras poderiam estar digitalizadas, barateando custos? Está aí boa pergunta. 

 Realmente, se todas as obras pudessem estar digitalizadas em suporte eletrônico de fácil acesso a cada um dos estudantes, o custo da aquisição dos conteúdos seria menor. Não haveria a necessidade de todo um processo de produção de um livro. 

 Talvez, o destino seja este. Em São Paulo, algumas escolas já incluíram na lista do material a compra de um tablet. Há duas semanas, a imprensa também divulgou que o MEC vai comprar nada menos do que 600 mil tablets para distribuir para os professores do Ensino Médio das escolas públicas do País. A ideia é instrumentalizar os professores e depois os alunos. 

 Desconheço a existência de bons e conceituados livros didáticos já no meio eletrônico, muito menos já produzidos para tablets. Mas o que se sabe é que já tem muita gente de olho. Acho interessante. Mas, nesta corrida pela tecnologia na sala de aula e até mesmo pela digitalização dos livros didáticos, é preciso parar e pensar. Qual o projeto pedagógico que está por trás das tecnologias? Pelo que foi divulgado, a proposta da compra dos tablets pelo MEC passa longe da discussão. 

 Educação não pode ser pensada apenas na instrumentalização, seja do aluno ou do professor. Não pode ser gerida sem planejamento, uma proposta pedagógica que inclua — como deve ser feito — as linguagens da mídia e as tecnologias. Sem esta preocupação, é mais uma máquina em sala. Interativa, instantânea, atraente e divertida, mas que corre o risco de não ir ao encontro de boa constituição de conhecimentos e valores. 

 Marcus Tavares é professor e jornalista especializado em Educação e Mídia

Um comentário:

  1. É bem interessante o fato de substituir os livros didáticos por tecnologia nesse caso o tablet.
    Poderia diminuir bastante o desmatamento para a fabricação de papel para produzir os livros didáticos favorecendo ao meio ambiente.
    Me lembro de Henrique comentar em sala de aula sobre isso mas o contexto era outro, pois ele falava que as escolas publicas não tinham nem professores para ensinar aos alunos e depois dessa reportagem esclareceu mais sobre o assunto e também me pergunto, para que um tablet se não tem nem professor para dar educação.

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