Nunca fui casado, mas já vivi separações. Com a lei atual, ter estado diante de um juiz faz pouca diferença na discussão dos bens. Vale a existência de uma relação conjugal. E, se houver, um contrato prévio, que determine os direitos de cada um. O ideal, segundo meu advogado, é pedir a assinatura assim que a relação se tornar séria. Acho difícil determinar esse momento, porque para mim as coisas vão acontecendo. Para os românticos, que se apaixonam à primeira vista, seria na primeira noite?
– No começo é mais fácil – disse meu advogado.
Advogados têm uma lógica inacreditável. Deveria ser, sim. Mas, e a paixão, onde fica? Como acordar no fim da primeira semana, depois de uma noite inesquecível, estender a caneta e pedir:
– Assine aqui, por favor.
– Ahnnn... o quê?
– É só um contrato dizendo que você não tem direito a nada se a gente se separar. Hummm... Mas, como vamos ficar juntos para sempre, é só uma coisinha burocrática. Assine... hum... meu amor!
A paixão, eis o problema. No auge, é difícil ser tão prático! E depois, ah, depois! Tive um amigo jornalista que se casou com uma chilena. Anos depois, separaram-se. Ela voltou para o Chile com o filho. Meu amigo economizava centavos para ver o garoto e, claro, enviar a mesada. Trabalhamos juntos algum tempo. Comentava-se, referindo-se aos constantes pedidos de dinheiro da ex-amada:
– Filho é igual a refém.
Nada se compara à fúria de um casal separado. Mesmo que tudo comece amigavelmente, aos poucos as boas maneiras explodem em rosnados e botes de parte a parte. Ela se julga injustiçada na divisão dos bens. Ele acha que ela está levando muito. Quem nunca aprontou uma baixaria em situações como essa que atire a primeira pedra. Já vi um grande empresário fugir com o computador da ex, antes de qualquer decisão judicial. A recém-separada também vira um furacão. Principalmente se ele sai com uma garota mais nova. Fala coisas horrendas. Outro dia ouvi uma furiosa:
– Ela passou por todos os homens da empresa até chegar nele, que é o dono.
– Pelo menos a moça tem bastante experiência. Ele deve estar se divertindo! – disse.
Perdi a amiga.
Mulher brava é capaz de espalhar intimidades. Num atual caso de separação milionária, que move toda a sociedade paulistana, a ex comenta que ele não tem outra, mas outro. Um rapaz. Deve ser uma delícia para os filhos ouvir a mãe no auge das acusações! Homens não ficam atrás no comportamento execrável. Cansei de ver amigos fugir das mesadas, despesas escolares etc. Agem como se não tivessem nenhuma responsabilidade sobre os filhos. Não é à toa que a lei manda para a cadeia os faltosos. Sempre é uma questão delicada para os filhos ver o pai preso por denúncia da mãe.
Certos pais fazem chantagem emocional. Convencem os pimpolhos a interceder. Já vi um garoto de 12 anos chorando para a mãe não botar o pai na cadeia. Emocionada, ela abandonou a ideia – e ficou pendurada em dívidas.
A vida política é repleta de mulheres furiosas que denunciam os ex. No mundo empresarial, há processos por milhões. Advogados especializados nesse tipo de causa ganham muito, mesmo porque recebem sobre o valor do que é conseguido. Muitas vezes a mulher passa um ano guardando recibos de todas as despesas para mais tarde provar judicialmente que estava acostumada a determinado nível de vida. Não entendo como alguém é capaz de conviver com alguém que amou, viajar, fazer sexo, enquanto secretamente armazena faturas de cartão de crédito, contas de luz, canhotos de passagens, recibos de cabeleireiros. Tudo para mais tarde ganhar o processo. E os ex-maridos, depois? Recebem por fora, fraudam bônus da empresa. Conheço um personal trainer que pede depósitos na conta da irmã, para a ex não descobrir quanto ele ganha e exigir a parte correspondente.
Por outro lado, muitas ex são pouco sensíveis às crises financeiras do antigo parceiro. Soube de um caso em que ele teve dificuldades para pagar o combinado, devido a problemas na empresa. Ela o acionou. Ele botou todos os bens ainda disponíveis na conta da nova mulher. Morreu pouco depois. A ex hoje vive da ajuda da família. Os filhos ficaram sem nada.
Impossível entender esse comportamento entre casais que já se amaram. A questão financeira supera tudo. Até o cuidado com os filhos. Se houve um amor, não deveria restar dignidade?
Muita gente diz que o amor está acima de tudo. Mas, na hora H, o mais forte é a conta bancária
– Ela passou por todos os homens da empresa até chegar nele, que é o dono.
– Pelo menos a moça tem bastante experiência. Ele deve estar se divertindo! – disse.
Perdi a amiga.
Mulher brava é capaz de espalhar intimidades. Num atual caso de separação milionária, que move toda a sociedade paulistana, a ex comenta que ele não tem outra, mas outro. Um rapaz. Deve ser uma delícia para os filhos ouvir a mãe no auge das acusações! Homens não ficam atrás no comportamento execrável. Cansei de ver amigos fugir das mesadas, despesas escolares etc. Agem como se não tivessem nenhuma responsabilidade sobre os filhos. Não é à toa que a lei manda para a cadeia os faltosos. Sempre é uma questão delicada para os filhos ver o pai preso por denúncia da mãe.
Certos pais fazem chantagem emocional. Convencem os pimpolhos a interceder. Já vi um garoto de 12 anos chorando para a mãe não botar o pai na cadeia. Emocionada, ela abandonou a ideia – e ficou pendurada em dívidas.
A vida política é repleta de mulheres furiosas que denunciam os ex. No mundo empresarial, há processos por milhões. Advogados especializados nesse tipo de causa ganham muito, mesmo porque recebem sobre o valor do que é conseguido. Muitas vezes a mulher passa um ano guardando recibos de todas as despesas para mais tarde provar judicialmente que estava acostumada a determinado nível de vida. Não entendo como alguém é capaz de conviver com alguém que amou, viajar, fazer sexo, enquanto secretamente armazena faturas de cartão de crédito, contas de luz, canhotos de passagens, recibos de cabeleireiros. Tudo para mais tarde ganhar o processo. E os ex-maridos, depois? Recebem por fora, fraudam bônus da empresa. Conheço um personal trainer que pede depósitos na conta da irmã, para a ex não descobrir quanto ele ganha e exigir a parte correspondente.
Por outro lado, muitas ex são pouco sensíveis às crises financeiras do antigo parceiro. Soube de um caso em que ele teve dificuldades para pagar o combinado, devido a problemas na empresa. Ela o acionou. Ele botou todos os bens ainda disponíveis na conta da nova mulher. Morreu pouco depois. A ex hoje vive da ajuda da família. Os filhos ficaram sem nada.
Impossível entender esse comportamento entre casais que já se amaram. A questão financeira supera tudo. Até o cuidado com os filhos. Se houve um amor, não deveria restar dignidade?
Muita gente diz que o amor está acima de tudo. Mas, na hora H, o mais forte é a conta bancária
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