Objetivo da escola não é preparar para as universidades?
Rio - Relembrando episódio do início da década de 70 no interior do Estado do
Rio, voltei a mente para uma escola estadual onde professores se reuniram e
organizaram um reforço acadêmico para os alunos do terceiro ano do Ensino Médio.
Alguns sacrificavam as noites de sábado para ficar na escola aplicando provas
simuladas para os alunos. Lembro-me bem que nós, professores, datilografávamos
as provas, reproduzíamos e aplicávamos. A escola, mesmo com mecanografia,
alegava que os funcionários só poderiam fazer os serviços de rotina. Prova
simulada era serviço extra.
O resultado foi surpreendente porque alunos que não podiam pagar seus estudos
numa escola particular ingressaram em universidades públicas. Surpresa maior foi
no início do ano letivo seguinte quando a direção nos informou que não era
objetivo de uma escola pública preparar para a universidade. Hoje consigo ler
esta frase em sua tradução, com muita clareza: a escola pública não pode
promover os filhos dos pobres!
De lá para cá muita coisa mudou, no entanto ainda há escolas, até
particulares, que conseguem inventar algum sofisma para dizer que o objetivo
dela não é preparar para as universidades. Por essas e outras é que o Brasil
amarga uma das mais decepcionantes marcas percentuais de sua população com
Ensino Superior.
Qualquer escola deve pensar que precisa evitar duas coisas e promover outras
tantas. Ela deve evitar preparar desempregados e treinar monstrinhos. Precisa,
sim, preparar pessoas competentes para exercer várias funções, tendo o domínio
do conhecimento e, ao mesmo tempo, comprometidas com a sociedade em que vivem.
Com essas ideias tacanhas que só atrasam o país, algumas escolas brasileiras,
através de seus responsáveis e gestores, terão contas a prestar à nação, em
curto espaço de tempo.
Pedagogo, escritor e palestrante
Nenhum comentário:
Postar um comentário