sábado, 21 de dezembro de 2013

Resenhando - Crítica - um Ney desigual, mas vibrante

 

 
 
Silvio Essinger - O Globo
 
 
 
RIO - Ney Matogrosso é um daqueles poucos artistas da MPB que realmente fazem o que bem entendem. Com reconhecido talento para conciliar refinamento e gosto popular, nem sempre, contudo, ele acerta. E acertar ou não... Bom, isso não parece fazer muita diferença para esse artista ainda em experimentação aos 72 anos de idade. “Atento aos sinais” é um daqueles seus discos pop, em que canta velhos conhecidos, outros não tão velhos e alguns bem novos. Desigual, mas vibrante, o CD não vai além, musicalmente, do que ele vem fazendo desde que deixou os Secos & Molhados, mas revela uma inquietação em falta nos novos trabalhos dos seus contemporâneos.
Para Ney, gravar Pedro Luís não é novidade. Mas reformar para 2013 o “Incêndio” do Urge, ancestral banda de Pedro, é inesperado e faz todo o sentido — bem como pegar o “Freguês da meia-noite” do Criolo e não acrescentar muito mais do que a sua própria voz. O idioma do Tono, em “Não consigo”, soa bonito com seu sotaque. E, da mesma forma, “A ilusão da casa”, de Vitor Ramil, passa por ele e sai do outro lado como uma potência radiofônica. Se, em alguns casos, como no da ausência de tensão em “Isso não vai ficar assim”, de Itamar Assumpção, a coisa fica estranha, não tem problema: está na cota de risco de Ney.
Cotação: bom

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