sábado, 21 de dezembro de 2013

Te Contei, não ? - Escola é investigada por racismo

 

  • Segundo mãe de estudante de 8 anos, após se recusar a cortar o cabelo, colégio não renovou matrícula
Mãe de Lucas Neiva, de oito anos, acusa colégio de racismo Foto: MichelFilho/ O Globo
Mãe de Lucas Neiva, de oito anos, acusa colégio de racismo MichelFilho/ O Globo
SÃO PAULO - A Polícia Civil investiga um colégio de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, por suspeita de racismo. Segundo a mãe de um estudante de 8 anos, a direção da escola pediu para que ela cortasse o cabelo “black power” do filho em um estilo “mais adequado”. A mãe se recusou a atender o pedido, contestou o colégio e diz, como retaliação, ter sido impedida de fazer a rematrícula do garoto para 2014. Ela registrou um boletim de ocorrência na polícia, que pretende chamar a diretora da escola para prestar depoimento.
A administradora financeira Maria Izabel Neiva, de 38 anos, contou que recebeu em agosto um bilhete da professora do filho, Lucas Neiva, que está na terceira série, para que ele usasse um corte de cabelo mais adequado. A mãe decidiu não cortar o cabelo e mandou um bilhete à diretora da escola, que respondeu dizendo que (esse tipo de) "cabelo (black power) não é usado no colégio pelos alunos".
- Fui na escola falar com a diretora . Ela me disse que o cabelo era extravagante e o regulamento da escola não permitira isso. Que não era conveniente. Que atrapalhava para ele enxergar e que as outras crianças não conseguiam ver a lousa. Mas o Lucas senta no fundo da classe - contou a mãe.
Depois de uma conversa de cerca de duas horas, a mãe manteve a sua posição de não cortar o cabelo. A diretora teria, segundo ela, levantando então a possibilidade de recusar a rematrícula do garoto. Na última terça-feira, a mãe voltou à escola para a reunião de pais de final do ano e pretendia fazer a matrícula do filho para 2014.
- A moça da secretaria disse então que não tinha mais vaga.
Foi quando Maria Izabel resolveu fazer um boletim de ocorrência. Uma outra mãe serviu de testemunha e contou que, na mesma data, conseguiu fazer a matrícula para a filha. A polícia decidiu instaurar um inquérito.
Procurada durante todo o dia, a direção da escola não retornou as ligações. Em nota ao Bom Dia Brasil da TV Globo, o colégio Cidade Jardim Cumbica disse que a mãe perdeu o prazo da rematrícula e que foi orientada a colocar o nome do filho na lista de espera. Ainda de acordo com a escola, a professora havia orientado a mãe a cortar o cabelo do menino, porque a franja estaria atrapalhando a visão dele, mas que isso não tem relação com o fato de ele não poder ser rematriculado. A direção classificou o inquérito policial como "absurdo". O colégio fica ao lado do Aeroporto de Cumbica. A mensalidade, segundo Maria Izabel, é de R$ 380.
A mãe contou que, há cerca de um ano, Lucas tinha pedido a ela para cortar o cabelo bem curto.
- Ele me falou que queria cortar o cabelo curtinho ao do (ídolo das adolescentes) Justin Bieber. Eu disse que não, e depois disso deixei o cabelo dele crescer. Ele precisa ser quem ele é , ter orgulho disso, e não fazer as coisas iguais a todo mundo. Hoje, o Lucas adora o cabelo dele. Tem autoestima até alta demais. Vive dizendo que se acha bonito.
A administradora financeira lembra já ter presenciado o marido e pai de Lucas, Marcos, que é negro, sofrer por causa do racismo.
- Uma vez nós fomos ver uma casa para alugar, paramos o carro, eu fiquei dentro porque estava grávida e ele desceu. Quando bateu, a dona disse que a casa ão estava para alugar.
A mãe não esperava a repercussão do caso.
- Só queria uma vaga para o meu filho estudar.
Sua preocupação agora é encontrar outra escola para o filho estudar no próximo ano.
- Naquela escola ele não vai estudar.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/escola-investigada-por-racismo-apos-pedir-para-aluno-cortar-cabelo-black-power-10976962#ixzz2o7Fi9W6V

Um comentário:

  1. Acho “incrível” como as pessoas conseguem ser hipócritas. Eles não têm respeito, praticar racismo hoje em dia é inacreditável, seria compreensível o racismo na época do Brasil colonial, por causa da escravidão, e da falta de conhecimento que possuímos hoje, mas praticar o racismo hoje, com os nossos estudos, com uma vista mais ampliada sobre o mundo, é um absurdo.
    O racismo foi tão forte contra o menininho, que a escola deveria ser processada pelo o seu ato.
    Uma escola, a qual ensina a história dos negros, e que transmite conhecimentos, com certeza deveria respeitar os seus próprios alunos, por serem o que são, e não desrespeita-los.
    O preconceito hoje está em todos os lugares, e principalmente algumas escolas que deveriam dar o exemplo, estão fazendo tudo ao contrário.
    Giulia Mancini, 802

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