sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Te Contei, não ? - Feliciano aprova cota para negros e dá adeus a comissão

 

 
 
Alvo de críticas de militantes, deputado diz querer disputar senadoEvandro Éboli eboli@bsb.oglobo.com.br
BRASÍLIA
 

 
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou ontem projeto do Executivo que destina 20% das vagas do serviço público federal para negros. O relator do texto foi o próprio presidente da comissão, Marco Feliciano (PSC-SP), que estendeu as cotas aos cargos comissionados. Ontem mesmo, na última sessão do ano da comissão, Feliciano se despediu do cargo.
Ele admitiu que não será reconduzido ao posto em 2014 e, graças à exposição alcançada na comissão, fala em disputar o Senado no ano que vem. O deputado diz ter certeza de que o PT não abrirá mão de presidir a comissão. Perguntado se acha que voltará ao comando da comissão, respondeu:
- Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Espero que o PT dê mais valor agora a essa comissão, que eles abandonaram - disse Feliciano. - Não sei nem se terá comissão para nós (do PSC) no ano que vem. Se tiver oportunidade, claro, quero voltar. O trabalho aqui foi apaixonante, mas ouvi falar que também o Solidariedade está de olho na comissão, para entregá-la ao deputado Domingos Dutra (MA).
O governo se mobilizou para aprovar o projeto das cotas para negros, com receio de derrota. Apenas o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) votou contra. Ele argumentou que o projeto vai provocar uma batalha racista no país. O relator acolheu ainda emenda do deputado Pastor Eurico (PSB-PE), que determina que, das vagas destinadas aos negros, 75% sejam para os que estudaram em escola pública.
Uma das principais articuladoras do projeto na comissão, ainda que não seja integrante dela, foi a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que ontem comemorou a aprovação.
- Não haverá privilégio algum. Os negros competentes vão tirar notas altas para disputar com os outros. Não impede que os 80% de brancos façam uma prova belíssima e também sejam aprovados - disse a deputada.
O projeto já foi aprovado na Comissão de Trabalho e ainda vai ser submetido à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
"Apostaram que eu renunciaria" Marco Feliciano fez um balanço positivo de seu trabalho e disse que sua passagem pela comissão valorizou o cargo de presidente:
- Essa comissão agora vai ser disputada. Colocamos os direitos humanos na pauta das pessoas. O Brasil viu isso.
O deputado comentou também o início confuso dos trabalhos, quando militantes de entidades ligadas aos homossexuais enchiam o plenário, e as sessões da comissão eram tumultuadas:
- Apostaram que eu renunciaria, o que não fiz. Fui alvo do ódio e da intolerância, fui atacado na minha igreja e dentro de um avião. Recebi vários processos. Comecei o ano como o inimigo público número um. E termino como um dos cem brasileiros mais influentes, segundo uma revista de circulação nacional.
Feliciano disse que, politicamente, saiu do cargo maior do que entrou:
- Isso se deu porque o povo percebeu que sou um político com posicionamento. Que defendo com unhas e dentes o que acredito.
Ele já fala que tem novos planos na política: avalia disputar o Senado em 2014. Mas só se seu oponente for o senador Eduardo Suplicy (PT-SP):
- Não sendo arrogante, sei que estou muito bem avaliado. O caminho natural seria buscar a reeleição. Não descarto o Senado, mas desde que meu concorrente seja apenas o Suplicy. Ele carrega um nome, ou a mulher dele, de que os evangélicos não gostam.

O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário