Em 2002, quando fui trabalhar no Colégio Estadual Herbert de Souza, a principal reclamação dos professores era a superlotação. De fato era duro, mas no fundo eu gostava
Rio - Em 2002, quando fui trabalhar no Colégio Estadual Herbert de Souza, a
principal reclamação dos professores era a superlotação. De fato era duro, mas
no fundo eu gostava. Tinha orgulho da profissão ao ver a importância que o
Turano dava ao nosso trabalho. Hoje, tudo mudou: leciono para turmas com até
seis alunos; nossa evasão atinge números estratosféricos. Das 20 turmas de 1ª
série que começaram o ano, 12 foram fechadas ainda no 1º bimestre. As que
restaram estão muito desfalcadas e a intenção dos restantes é sair do colégio em
massa no ano que vem. Talvez não façam mais que uma turma de 2ª série em 2014.
Outra: este ano fomos brindados com a inclusão no projeto de Ensino Médio
Inovador, que consiste em aumentar a permanência dos alunos no colégio, das 7h
às 12h para das 7h às 17h. Você certamente vai ouvir na campanha eleitoral que a
educação está melhorando, que foram criadas tantas vagas de horário integral.
Quer saber o que aconteceu na prática, cidadão? A receita do fracasso:
trancafie centenas de jovens de comunidades carentes entre muros; mantenha-os
com fome, servindo coisas do tipo arroz com ovo no almoço e uns biscoitos com
refresco no lanche; garanta que pelo menos a metade do seu tempo seja ocioso,
com muitas aulas vagas e projetos educacionais que só existem no papel. Eis o
caminho para meu querido Herbert de Souza entrar na extensa lista de escolas
fechadas na atual gestão. Já correm boatos que parte das instalações pode ser
ocupada pela Secretaria Estadual de Educação. Quem sabe não botam lá uma
delegacia, como na Rocinha?
Meu concidadão, não deixe a nossa escola pública fracassar! Frequente as
reuniões de pais, exija bom serviço. Nós, professores, não temos medo de ser
cobrados, precisamos sim é do povo dentro da escola, acompanhando de perto a
formação das novas gerações. Somente assim a Educação vai passar a ser
prioridade de fato e não apenas no discurso demagógico de políticos.
Professor do CE Herbert de Souza, jornalista e artista
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