Novas e más surpresas marcaram a divulgação do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na semana passada. Pelos dados, o ensino médio brasileiro ficou estagnado. Pior: no universo das escolas particulares os números estão abaixo do estabelecido como meta pelo governo. Diante do quadro desanimador, o MEC planeja lançar uma operação de emergência mudando o currículo exigido. A ideia é reduzir a quantidade de disciplinas para reforçar a qualidade do aprendizado. Na prática é como tapar o sol com a peneira. A educação segue em ritmo lento, precário, no País devido a uma série de fatores, entre os quais o planejamento equivocado de seu desenvolvimento. No campo das universidades, por exemplo, desde 2007 se investiu muito na ampliação do número de vagas, deixando de lado a capacitação de professores e mesmo a infraestrutura necessária para a formação adequada dos alunos, como bibliotecas e laboratórios de ponta. Colocado como um plano de reestruturação universitária, visando à expansão do acesso dos brasileiros ao nível superior, o Reuni pecou em fundamentos básicos e acabou por abrir ainda mais o abismo entre as instituições de ensino de boa e má qualidade. Uma outra medida de caráter discutível começa a ser debatida no âmbito federal. É a que trata da ampliação das cotas universitárias. O objetivo do governo é obrigar todas as faculdades públicas a reservarem ao menos 50% de suas vagas para alunos oriundos de escolas públicas. Essas faculdades são em geral as mais disputadas por todos os candidatos e, devido à diferença na qualidade do ensino, estudantes de colégios particulares normalmente são mais bem-sucedidos nas provas de admissão. Mudar esse panorama requer, em primeiro lugar, um maior preparo dos aspirantes trazidos da rede pública para que não haja descompasso deles com os candidatos das instituições particulares em relação ao conteúdo oferecido no nível superior. O MEC quer, por isso mesmo, adotar o sistema de aulas de reforço para os estudantes cotistas que vão se habilitar às federais. Tais alunos precisam ter um mínimo de conhecimento para atenderem às exigências dos cursos pretendidos. Tudo isso custa dinheiro e a expectativa é de que o Senado vote o quanto antes o projeto de lei, já em tramitação na Câmara, que garante o investimento de 10% do PIB na educação. Lamentavelmente, pela demora nas negociações partidárias até aqui, essa proposta ainda está longe de se tornar realidade.
Revista Isto É
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