Realizado neste mês
num parque de diversões em São Paulo, um levantamento do Datafolha sobre os
receios de crianças de 12 a 14 anos, a imensa maioria delas de classe média para
cima, dá uma indicação do nível de "adultização" da infância.
Na lista de temores
infantis, segundo a pesquisa, aparecem, entre os principais destaques, a
violência urbana e o desemprego. Tirando os itens "assombração" e "terror das
provas escolares", as crianças têm os mesmos medos - e quase em igual proporção
- dos adultos.
A "adultização" da
infância é, de um lado, uma consequência do bombardeio dos dados da mídia na era
do tempo real e, de outro, um efeito da claustrofobia provocada pelo cerco do
desemprego e da violência.
Havia um tempo em que
se repetia a pergunta: "O que você vai ser quando crescer?" e quase todas as
crianças demonstravam a certeza de que fariam alguma coisa. Não se diziam coisas
do tipo "talvez eu seja um desempregado".
Na pesquisa do parque
de diversões, 74% disseram ter medo de, no futuro, não conseguir trabalho. Para
uma criança, imaginar-se sem ocupação depois de terminada a escola, temer pelo
emprego dos pais e sentir-se cercada por delinquentes representa uma brutal taxa
de ansiedade, que, muitas vezes, acaba no consultório psicológico.
PS - Para ter uma
ideia do tamanho da ansiedade infantil: 91% das crianças daquela amostragem têm
medo de serem sequestradas.
GILBERTO
DIMENSTEIN
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