sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Te contei, não ? - Corantes e risco de câncer - Ronaldo Corrêa F. da Silva



Rio -  Muito se fala sobre possíveis causas do câncer, quais hábitos de vida são adequados, que alimentos devemos evitar. Também repercutem os estudos científicos, material essencial para a classe médica, mas que, analisados fora do contexto, podem provocar apreensão na população. Exemplo disso é o resultado de estudo realizado nos EUA sobre a concentração de 4-metil imidazol, formada no processamento de corantes (caramelo 4) e encontrada na Coca-Cola e refrigerantes similares, além de cervejas escuras e molhos. Na pesquisa, a Coca-Cola no Brasil apresentaria a maior concentração do agente. As menores ocorrem na China e na Califórnia.
Agência de pesquisa da Organização Mundial da Saúde publicou relatório que avalia o potencial carcinogênico de algumas substâncias, entre eles o 4-metil imidazol. Mesmo sem dados de risco em humanos, surgiu evidência suficiente em animais de laboratório que levou pesquisadores a classificá-la como potencial indutor de câncer em humanos. O comitê de especialistas em aditivos alimentares da FAO/OMS estabeleceu que o consumo seguro diário da substância é de 0,05 mg/kg por indivíduo. Isto representaria consumo de Coca-Cola de até 3,9 litros/dia para adultos e 1,9 litros/dia para crianças.
Em recente informe técnico, a Anvisa considera não haver evidências científicas que justifiquem alterar o limite máximo de uso do corante e menos ainda a obrigatoriedade de advertência sobre periculosidade. A questão do controle, regulação e vigilância de agentes cancerígenos nos alimentos e aditivos é complexa e envolve indústrias de alimentos, Anvisa, Ministério da Saúde, organizações de defesa do consumidor, pesquisadores e a própria sociedade. Como diziam meus avós, “prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.
Especialista em medicina preventiva

Jornal Folha de Sao Paulo

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