sexta-feira, 22 de março de 2013

Artigo de Opinião - Investimento inócuo

Em meio aos debates sobre a distribuição dos royalties do petróleo, a presidenta da República afirmou em reunião com
governadores que todo este dinheiro proveniente do pré-sal deveria ser investido em Educação, ou não resolveríamos o problema. Mas qual? A estrutura curricular, os programas de ensino, a metodologia aplicada e a formação dos professores estão fora de época. O problema é de todo o sistema educacional.
O Brasil passou 450 anos imitando a Europa e há 60 anos copia os Estados Unidos. A realidade é que os dois modelos estão com sérios problemas, e o Brasil precisa se convencer de que deve escolher o seu modelo, olhar-se no espelho, observar a própria fisionomia e decidir. Não há que imitar ninguém. A educação sofre do mesmo problema: ela também imita.
Se observarmos os últimos dados do Ideb, verificaremos que, no Ensino Médio, as metas serão atingidas apenas em 2053! Isso significa que esta e a outra geração estarão perdidas. Vale dizer que os idosos do futuro não terão quem os sustente. Não atingimos meta alguma quanto à conclusão na idade certa nos ensinos Básico e Médio. Alguns estados só conseguem que 24% de seus alunos concluam o Ensino Médio aos 19 anos. Só aos 16 anos é que atingimos percentual satisfatório para a conclusão do Ensino Fundamental. Com isso, a educação custa o dobro, os professores ganham a metade, e o país não progride.
Portanto, aplicar as verbas do pré-sal neste modelo é suicídio. O que se auferir como verba nova para a Educação deverá ser aplicado na desconstrução deste modelo seriado, cartesiano e nada criativo. Professores precisam de melhor formação, a cobrança de eficiência nas escolas deverá ser exigida, assim como assiduidade quanto aos compromissos docentes. Se não tivermos outros programas, outros currículos, outros mestres e outra escola, de nada adiantará o investimento.

Pedagogo e escritor

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