sexta-feira, 22 de março de 2013

Te Contei,não ? - Busca por "independência" dos royalties mobiliza cidades do Rio

Henrique Gomes Batista, Enviado especial


Funcionários montam parte do porto Farol/Barro do Furado, que pode gerar emprego e renda na região
Foto: Fabio Rossi / Agência O Globo
Funcionários montam parte do porto Farol/Barro do Furado, que pode gerar emprego e renda na região Fabio Rossi / Agência O Globo


QUISSAMÃ e MACAÉ – Sem preparo, muitas cidades se apegaram ao dinheiro do petróleo e vivem uma dependência excessiva do combustível. Mas, no momento em que se preparam para diversificar suas economias, a possível queda na receita dos royalties pode interromper a busca por alternativas.
Até Quissamã, que utilizou os recursos do petróleo para melhorar a qualidade de vida da população, sofreu com a falta da diversificação econômica. O município viu a cultura da cana praticamente acabar, com o fechamento da centenária usina Engenho Central, há cerca de dez anos.

— Muita gente aqui trabalhava na usina e agora não consegue nada — afirma Denilda Peçanha, de 48 anos.
O prefeito Octávio Carneiro (PP) acredita que a decadência da cana era algo que já estava ocorrendo independentemente do petróleo. Ele lembra, também, que outras iniciativas, como a exploração do coco e do abacaxi, não prosperaram.
— Temos um grande projeto de porto, mas precisamos dos royalties para construí-lo.
Maria de Fátima Pacheco, assistente social e presidente do PT local, lembra que a cidade hoje oferece estudo aos seus filhos, mas não emprego.
— Este é o maior problema da cidade, mas acredito que o Porto Farol/Barra do Furado será a nossa salvação. Ele pode trazer tantos recursos como os royalties — disse.
O projeto é audacioso e conta com o interesse de empresas privadas, que querem montar na região estaleiros, inclusive de reparos, algo raro no país. O empreendimento será construído com recursos das cidades de Campos e Macaé, além de verbas federais e estaduais. Orçado inicialmente em R$ 175 milhões, ele está em revisão e o valor deve ficar entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões.
As obras continuam no local, em consórcio formado por Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão, para que o porto possa começar a funcionar no fim de 2014. Na Praia da Barra do Furado, ao lado do Canal das Flexas, que liga a Lagoa Feia ao mar, uma estrutura adentra o oceano em cerca de 200 metros: é o sand by pass, estrutura inédita no Brasil que vai retirar areia da praia de Quissamã e enviá-la, misturada à água do mar, em dutos, à Praia do Farol, em Campos.
Diversidade econômica
Macaé, por sua vez, já tem uma boa diversidade econômica. Mas outras soluções engatinham. Na gestão passada, o prefeito queria utilizar a extensa malha ferroviária do município para criar uma opção com veículo leve por trilho (VLT), mas os trens estão parados, pois, de acordo com a atual gestão, de Dr. Aluízio (PV), o projeto tem graves problemas e está sendo todo revisto, mesmo após terem sido investidos R$ 11 milhões dos R$ 36 milhões previstos.
A imagem dos trens parados na antiga estação central choca a população.
— Este trem parado, com tantos problemas de transporte, é mais uma prova disso — afirma Norma Sueli de Azevedo Marques, terceirizada da Petrobras que vive durante a semana na cidade e, nos fins de semana, volta a Niterói.

Jornal O Globo

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