Folhetim
Chico Buarque
Se acaso me quiseres,
Sou dessas mulheres
Que só dizem "sim!",
Por uma coisa à toa,
Uma noitada boa,
Um cinema, um botequim.
E, se tiveres renda
Aceito uma prenda,
Qualquer coisa assim,
Como uma pedra falsa,
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim.
E eu te farei as vontades.
Direi meias verdades
Sempre à meia luz.
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis.
Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte:
Te afasta de mim,
Pois já não vales nada,
És página virada,
Descartada do meu folhetim.
Sou dessas mulheres
Que só dizem "sim!",
Por uma coisa à toa,
Uma noitada boa,
Um cinema, um botequim.
E, se tiveres renda
Aceito uma prenda,
Qualquer coisa assim,
Como uma pedra falsa,
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim.
E eu te farei as vontades.
Direi meias verdades
Sempre à meia luz.
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis.
Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte:
Te afasta de mim,
Pois já não vales nada,
És página virada,
Descartada do meu folhetim.
Composição feita para a peça musical "Ópera do malandro" do próprio
Chico. Nesta música o autor descreve com enorme sensibilidade como uma garota de
"programa" descreve o que pode fazer com seu "homem da vez". Todas as mentiras e
sonhos que o homem da vez quer ouvir são descritas pela garota. Chico é
considerado o mais sensível conhecedor da alma feminina. Gravada por Gal Costa
no LP Água Viva de 1978 e também no mesmo ano por Isaura Garcia, no LP "Eu,
Isaura Garcia". Recebeu inúmeras outras gravações inclusive de Chico
Buarque.
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