O musical
Não vi todos os filmes candidatos ao Oscar. Da lista de nove indicados, ainda estou devendo “Amour” e “Indomável sonhadora”. Mas, dos outros sete, não tenho dúvida: o filme que mais me arrebatou foi “Les misérables”, de Tom Hooper.
“Les Misérables” é o mais polêmico dos candidatos. Fala-se muito na tortura promovida pela CIA no começo da caça a Bin Laden em “A hora mais escura”. Fala-se também do vilão negro e escravagista que Quentin Tarantino criou em “Django livre”. Fala-se ainda da política de mãos sujas que pode ser vista em “Lincoln”. São polêmicos os assuntos abordados por estes filmes. Mas “Les Misérables” é polêmico por sua opção cinematográfica. É daqueles filmes que a plateia ama ou odeia. Não há meio termo. Se você não gosta de musical, não passe nem perto da bilheteria. Mas, se gosta, não deixe passar mais um dia sem assistir ao melhor
musical de cinema dos últimos anos.
Como acontece com qualquer musical dos bons, o elenco é impecável e a música, sensacional. Hugh Jackman faz um Jean Valjean que traria orgulho a Victor Hugo. Anne Hathaway é uma Fantine que dilacera o coração da plateia. Mas todo o resto da trupe de atores também é do primeiro time, com destaque para Samantha Barks, que faz a gente torcer por sua Éponine.
Todo mundo conhece “I dreamed a dream”, a mais famosa das canções do musical. Mas todo o resto do score, composto por Claude MichelSchönberg e, na versão inglesa, Herbert Kretzmer, é de tirar o fôlego. E a música está sempre a serviço de uma trama que, desde o seu lançamento em romance, há um século e meio, tem ditado as normas de qualquer folhetim. Nina e Carminha não são muito diferentes dos Valjean e Javert criados por Hugo.
Tom Hooper aderiu com paixão à empreitada de transpor para o cinema um dos musicais mais bem sucedidos da História do teatro. E essa paixão passa para o público em cada take.
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Todos os meus 17 leitores me alertaram. Portanto, repasso a correção para algum leitor acidental. Na coluna da última quarta-feira, atribuí a direção de “Nascido a 4 de julho” a Steven Spielberg. O colunista é, antes de tudo, um burro e, acima de tudo, um desmemoriado. Cada vez mais desmoriado. “Nascido a 4 de julho”, como sabe qualquer cinéfilo que nasceu após Quentin Tarantino chegar a idade adulta, é de Oliver Stone. Imagino que tenha confundido as guerras e trocado o filme de Stone por “O resgate do soldado Ryan”. Mas, só para esclarecer, as histórias não são muito diferentes. No Oscar de 1999, o “Soldado Ryan” era o favorito. Mas Spielberg levou apenas o prêmio de melhor diretor. O Oscar de melhor filme foi para “Shakespeare apaixonado”, de John Madden. A história deve se repetir este ano, com Spielberg ganhando a estatueta pela direção de “Lincoln”, enquanto “Argo” é escolhido como melhor filme. Era isso que eu queria dizer.
“Les Misérables” é o mais polêmico dos candidatos. Fala-se muito na tortura promovida pela CIA no começo da caça a Bin Laden em “A hora mais escura”. Fala-se também do vilão negro e escravagista que Quentin Tarantino criou em “Django livre”. Fala-se ainda da política de mãos sujas que pode ser vista em “Lincoln”. São polêmicos os assuntos abordados por estes filmes. Mas “Les Misérables” é polêmico por sua opção cinematográfica. É daqueles filmes que a plateia ama ou odeia. Não há meio termo. Se você não gosta de musical, não passe nem perto da bilheteria. Mas, se gosta, não deixe passar mais um dia sem assistir ao melhor
musical de cinema dos últimos anos.
Como acontece com qualquer musical dos bons, o elenco é impecável e a música, sensacional. Hugh Jackman faz um Jean Valjean que traria orgulho a Victor Hugo. Anne Hathaway é uma Fantine que dilacera o coração da plateia. Mas todo o resto da trupe de atores também é do primeiro time, com destaque para Samantha Barks, que faz a gente torcer por sua Éponine.
Todo mundo conhece “I dreamed a dream”, a mais famosa das canções do musical. Mas todo o resto do score, composto por Claude MichelSchönberg e, na versão inglesa, Herbert Kretzmer, é de tirar o fôlego. E a música está sempre a serviço de uma trama que, desde o seu lançamento em romance, há um século e meio, tem ditado as normas de qualquer folhetim. Nina e Carminha não são muito diferentes dos Valjean e Javert criados por Hugo.
Tom Hooper aderiu com paixão à empreitada de transpor para o cinema um dos musicais mais bem sucedidos da História do teatro. E essa paixão passa para o público em cada take.
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Todos os meus 17 leitores me alertaram. Portanto, repasso a correção para algum leitor acidental. Na coluna da última quarta-feira, atribuí a direção de “Nascido a 4 de julho” a Steven Spielberg. O colunista é, antes de tudo, um burro e, acima de tudo, um desmemoriado. Cada vez mais desmoriado. “Nascido a 4 de julho”, como sabe qualquer cinéfilo que nasceu após Quentin Tarantino chegar a idade adulta, é de Oliver Stone. Imagino que tenha confundido as guerras e trocado o filme de Stone por “O resgate do soldado Ryan”. Mas, só para esclarecer, as histórias não são muito diferentes. No Oscar de 1999, o “Soldado Ryan” era o favorito. Mas Spielberg levou apenas o prêmio de melhor diretor. O Oscar de melhor filme foi para “Shakespeare apaixonado”, de John Madden. A história deve se repetir este ano, com Spielberg ganhando a estatueta pela direção de “Lincoln”, enquanto “Argo” é escolhido como melhor filme. Era isso que eu queria dizer.
Artur Xexéo - O Globo
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