Estreou ontem no Brasil o filme ‘Batman, o cavaleiro das trevas ressurge’, longa-metragem que semana passada teria inspirado James Holmes a atirar contra uma plateia de cinema, em Aurora, Colorado, nos EUA, matando 12 pessoas. Com o filme, volta à tona a velha discussão: até que ponto imagens e conteúdos violentos exibidos na televisão ou no cinema geram violência?
É fato: a violência mostrada nos meios de comunicação de massa não pode ser a responsável pelos atos violentos do dia a dia. Há muitas e outras causas, desde questões psicológicas até, e principalmente, sociais e econômicas. Mas também não se pode esquecer que esta mesma mídia exerce influências comportamentais.
Em relação aos efeitos que podem gerar em crianças e adolescentes, o pediatra Victor Strasburger e o cientista social Edward Donnerstein apontam que o impacto destes conteúdos no desenvolvimento de meninos e meninas muda de acordo com o contexto no qual as cenas são inseridas. Eles dizem que histórias de ‘ mocinhos’ praticando atos de violência contra ‘ bandidos’ podem gerar um sentimento de justificação da prática violenta quando esta for feita por ‘ boas razões’, intensificando uma possível valorização da ideia de ser ‘fazer justiça com as próprias mãos’. E completam: esse contexto pode passar a imagem de que estes comportamentos são socialmente aceitos, impacto que tende a ser maior se os personagens são interpretados por atores que se encontram no topo das preferências.
Concordo com os autores e, a meu ver, o que eles dizem pode e deve também ser aplicado aos adultos. Por que não? Hoje, para muita gente a resolução de conflitos se dá por meio da violência. E neste cenário, vivemos uma profunda e triste banalização desta mesma violência. O que realmente nos choca quando assistimos a todo o momento brigas sem justificativas, chacinas, assassinatos, atentados e guerras?
Vamos deixar de ver nossos heróis no cinema? Não. Mas vamos também pensar e refletir como recebemos tais histórias e de que forma elas nos influenciam. Um exercício sadio para depois da sessão.
Jornal O Dia
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