sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Crônica do Dia - Para para respirar - Leda Nagle



Rio -  A palavra de ordem é desestressar. Quase todas as doenças e os males do mundo têm o mesmo culpado: o estresse. Cardiologistas, psiquiatras e psicólogos são unânimes em afirmar que é preciso relaxar, fazer ioga, se exercitar, ter um hobby, meditar, ler, parar para pensar, bordar ou pintar. Descansar a cabeça passou a ser tão importante quanto descansar o corpo. Relaxar para reverter os males causados pelo estresse não tem uma fórmula, uma receita de bolo. Cada um ou cada uma tem que buscar o seu jeito, o seu caminho. O sono, o cansaço físico a gente sabe desde sempre como resolver: dormindo, de preferência com direito a sonhos. Mas e a cabeça? Aquela que a gente usa o tempo todo, sem parar, desde as atividades mais simples até as mais sofisticadas. Como é que relaxa? As solicitações do mundo moderno são cada vez maiores, o tempo cada vez menor e a gente quer dar conta de tudo. Quer ler e-mail, jornal, ouvir rádio, ver todas as disputas que a tevê mostra, assistir a todos os filmes, ler todos os livros, falar com todos os amigos, saber todas as novidades, trabalhar muito, ganhar dinheiro, pagar as contas em dia, criar filhos, cães e gatos e comprar cada vez mais coisas. Tudo muito, sempre, agora e, como se não bastasse, com perfeição. As mulheres são as campeãs do estresse por conta de somarem o trabalho com as atividades domésticas, a criação dos filhos, a busca pela beleza, os cuidados com sua vida amorosa. Haja café, chocolate, chá, qualquer coisa que ajude a gente a permanecer mais tempo ligada, fazendo coisas, se dividindo e se multiplicando em dezenas de funções. E aí é que parece estar o X da questão. A psicóloga Marilda Lipp é muito objetiva ao dizer: “Ninguém dá conta de tudo”. Chega uma hora em que é preciso rever posições, dar um tempo na ansiedade e aceitar que é preciso planejar melhor o dia a dia, organizar compromissos, priorizar o que tem realmente que ser feito e admitir que o mundo não vai acabar se você parar para respirar. Sei que parece loucura, mas Marilda Lipp estuda os efeitos do estresse há muitos anos e recomenda exercícios respiratórios para serem feitos no dia a dia como contribuição ao relaxamento. Por exemplo? Respirar profundamente, enchendo os pulmões e inchando bem a barriga, por três vezes. E mentalizar imagens agradáveis, calmas e serenas, principalmente as ligadas à natureza, durante dois minutos. Mas não vale parar para respirar fazendo, mentalmente, listas de coisas a fazer assim que acabar de respirar. Sei muito bem que é difícil, mas estou disposta a tentar. Ou será melhor comprar tintas e papel e começar a pintar?
Leda Nagle é jornalista, escritora e apresenta na TV o ‘Sem Censura’

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