Sabe aquela dorzinha nas costas? Ou a enxaqueca que tanto te incomoda? Fique de olho: elas podem ser um pedido de socorro do seu corpo. Segundo especialistas, as dores do dia a dia — com as quais muitas vezes não nos importamos — são sinais comuns de diversas doenças. Na dúvida, o melhor é pedir a opinião do médico.
— Cerca de 80% das pessoas terão dor de cabeça ao menos uma vez na vida. Mas ela pode ser tanto causada por estresse ou alterações hormonais, quanto por um tumor. A dor é sempre um sinal de que algo está errado no corpo — afirma o neurocirurgião e diretor do Centro Multidisciplinar da Dor, Alexandre Amaral.
O especialista comandou uma pesquisa com 300 cariocas que apontou: 40% dos voluntários tomavam regularmente remédios para dor sem prescrição médica, seguindo indicação de amigos. A automedicação é um dos principais problemas da banalização da dor. Ao mascarar um sintoma, o paciente pode perder a oportunidade de evitar complicações e doenças mais graves.
— Quando a pessoa passa muito tempo tomando um remédio para dor, outra coisa acontece. A produção de opióides (analgésicos naturais) do corpo cai. Logo, a dor vai ser cada vez mais intensa e frequente. O quadro vira crônico — explica a fisioterapeuta especialista em dor, Fernanda Pimentel Sá.
Desde a última semana, analgésicos simples e outros remédios que não exigem receita podem ser vendidos fora do balcão do farmacêutico — nas prateleiras, ao alcance do consumidor. Segundo a Anvisa, a mudança não deve incentivar a automedicação.
— O importante é mudar a forma de ver o problema. A pessoa precisa entender a dor como um alerta que pode salvar sua vida — diz Ricardo Mourilhe Rocha, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro.
Nove meses com dores
No início deste ano, a apresentadora Astrid Fontenelle descobriu que tem lúpus, um tipo de doença autoimune em que o corpo começa a combater células do próprio organismo. Apesar de ter se sentido mal durante nove meses, ela demorou a procurar atendimento e o quadro ficou grave.
"Eu tive um momento grave de burrice. Sentia dor nas costas, os pés e as mãos incharam, mas eu sempre achava uma desculpa para não dar importância àquilo. Eu debochava das minhas amigas que corriam para o médico. Mas elas estão certas", afirmou Astrid em entrevista ao programa do SBT "De Frente com Gabi".
Na vida da professora universitária Maria Cristina Cardoso Ribas, de 53 anos, a negligência com as frequentes dores de cabeça também causou transtornos.
— Desde mocinha, eu tinha uma enxaqueca que aparecia e sumia. Eu tomava analgésicos, mas tinha medo de procurar o neurologista. Um dia, estava me preparando para um congresso fora do país e comecei a sentir uma dor muito forte do lado direito do rosto. Fiquei com uma dor crônica e desenvolvi um problema na gengiva. Poderia ter evitado — conta.
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