sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Te Contei, não ? - Em São Luís, reggae é o som da MASSA



Adaptação local para os sound systems caribenhos, onde se dança as "pedras" (sucessos, na gíria local)
Foto: Divulgação

SÃO LUIS- São Luís curte o reggae há mais de 30 anos, de um jeito bastante particular. E não há sinais de que essa conexão vá cair. Na capital maranhense, o ritmo jamaicano ainda é o som da massa, dançado juntinho, seja nas famosas radiolas — adaptações locais para os sound systems caribenhos — ou em bares espalhados pela cidade. Nas gigantescas caixas, nada de ritmos digitais, como dancehall ou ragga. O que une os casais é a batida marcada, macia e envolvente do som roots, típico dos anos 1960, como se as duas ilhas tivessem parado no tempo.

Mas há algumas novidades no ar. E uma polêmica também. Até o começo dos anos 2000, os DJs locais disputavam com ferocidade o privilégio de tocar uma “pedra” (sucesso, na gíria local) com exclusividade. Para isso, alguns, como Edmílson Tomé, mais conhecido como Serralheiro, uma lenda local, chegavam a viajar até a Jamaica em busca de um compacto. Era esse o combustível para animar os bailes de radiolas como Voz de Ouro Canarinho e Águia do Som.
Com as facilidades obtidas pelos avanços tecnológicos, o cenário mudou um pouco. Agora, o que os novos DJs tocam, em seus laptops, são produções feitas em estúdios locais, com a ajuda de bases eletrônicas, o chamado “robozinho”. É o que se escuta na domingueira Chama-Maré, realizada na beira da praia da Ponta d’Areia, frequentada por um público mais “classe média”, como explica Fauzi Beydoun, DJ e cantor do grupo Tribo de Jah, mas não o que rola em bares de “resistência” como o Kingston 777, na periferia da cidade, comandado pelo DJ Jr Black, que só toca vinil.
— O robozinho é um som muito repetitivo, por causa das programações eletrônicas, e às vezes soa artificial. Aí surgiu esse movimento de resistência, e hoje há dezenas de bares pela cidade tocando sons mais orgânicos — conta Beydoun. — A única coisa que não mudou em São Luís é que o reggae continua sendo o som do povão, a forma de lazer mais barata, a identidade cultural da cidade.

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