PAULO SANT’ANA
Passados pouco mais de 15 dias do fim da greve dos cobradores e motoristas de Porto Alegre, eis que o sindicato dos rodoviários ameaça nova greve sob o pretexto de que os trabalhadores não receberam os salários relativos aos dias de paralisação.
Isso é um abuso, um desaforo. Se querem discutir o recebimento dos dias parados, que o façam na Justiça, como, aliás, já estão fazendo. Mas não venham com nova paralisação, a população de Porto Alegre não suporta mais este acinte.
Isto é vagabundagem pura.
Repercutiram em todo o Brasil os atos de racismo em Bento Gonçalves por ocasião do jogo entre Esportivo e Veranópolis.
O árbitro Márcio Chagas foi violentamente ofendido durante toda a partida, no início e no fim dela, por cerca de 20 pessoas que o chamavam de macaco sujo.
Ao final do jogo, os meliantes foram até o carro do árbitro e puseram na capota algumas bananas, enfiando duas bananas no cano de descarga. Bananas são alimentos proverbiais dos macacos.
Saliente-se que o carro do árbitro se encontrava em estacionamento privativo, vedado no local o acesso ao público, o estacionamento era privativo da direção do Esportivo.
Ora, foi racismo puro e genuíno, que não tinha nada com o futebol, tanto que o Esportivo ganhou o jogo e sua torcida não se queixou da arbitragem. Apenas os 20 injuriadores permaneceram duas horas inteiras a dirigir ao árbitro, que é negro, as ofensas racistas, insistindo em classificar o juiz como símio.
O mais grave é que não é a primeira vez que a população ordeira de Bento Gonçalves assiste a estes atos de racismo praticados pelos mesmos canalhas.
A população nada tem a ver com essas transgressões. Mas o clube Esportivo tem tudo a ver. Cabe a ele apontar quem foram os racistas, ele os conhece muito bem, e as bananas no carro do árbitro e o amassamento das portas do veículo se verificaram em recinto reservado do clube, não tendo acesso ao público.
Os dirigentes do Esportivo têm o dever de vir a público para apontar os racistas. Se não o fizerem, estarão se acumpliciando com os criminosos.
Os epítetos racistas pronunciados, aliados à agressão ao carro do árbitro, merecem responsabilização imediata dos acusados.
O Esportivo não vai se eximir de suas responsabilidades.
O lugar desses extremistas é na cadeia.
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