Ministro alega que as doações para pagar multas ‘ridicularizam’ penas impostas pelo STF
Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF),
criticou ontem as ‘vaquinhas’ organizadas por amigos e parentes de condenados no
Mensalão para pagar as multas impostas pela Justiça. Segundo ele, as doações
“sabotam e ridicularizam” as penas.
A condenação aos sites que arrecadam dinheiro para os petistas foi
feita ontem por Gilmar Mendes em carta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O
político cobrara do ministro explicações sobre a sua declaração de que as
doações ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e ao ex-deputado José Genoino eram
suspeitas.
No texto que mandou a Suplicy, Gilmar Mendes sugere ao senador que
organize uma ‘vaquinha’ para devolver “pelo menos parte dos R$ 100 milhões
subtraídos dos cofres públicos”. Ele propõe ao senador que peça ajuda a Delúbio,
que recebeu mais de R$ 1 milhão em doações através de um site.
Mendes mostra irritação com as doações desde a divulgação de que os petistas
José Genoino e Delúbio Soares haviam conseguido, e com sobras, recursos para
pagar as multas, de R$ 667 mil e R$ 466 mil, respectivamente. O ministro
argumenta que a multa, como a pena de prisão, “é intransferível e restrita ao
condenado” e que falta transparência ao processo de doação.
O coordenador jurídico do PT, Marco Aurélio Carvalho, rebateu as críticas e
disse que “o tom intimidatório” não vai impedir que as doações continuem.
Organizador dos sites, Carvalho afirmou que, se Gilmar Mendes quer fazer
política, deveria deixar o Tribunal e ser candidato. “Se quiser ser candidato,
vai ter o nosso reconhecimento e respeito. Caso contrário, tem que se recolher
ao recato próprio a um ministro do STF”, disse.
Dirceu já contabiliza 23% do valor que terá a quitar
Até as 16h de ontem, seu segundo dia no ar, o site para receber doações para
pagar a multa de R$ 971 mil imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao
ex-ministro José Dirceu tinha arrecadado R$ 225.772 de 1.069 pessoas. O valor
corresponde a 23% do necessário.
No site, um texto informa que ele foi criado como “protesto coletivo” contra
as sentenças do STF contra membros do PT. José Dirceu cumpre pena de sete anos e
11 meses no presídio da Papuda, em regime semiaberto. A Alta Corte ainda julgará
recurso contra outra condenação, a 2 anos e 11 meses por formação de
quadrilha.
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