domingo, 2 de março de 2014

Te Contei,não ? - O Realismo no Brasil

O Realismo no Brasil (1881-1893)

I – INTRODUÇÃO


          O movimento literário chamado Realismo teve início no Brasil a partir da publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881. O Realismo brasileiro sofreu influências do Realismo francês com a publicacão da obra . A nova mentalidade literária é motivada pelas últimas conquistas da filosofia e das ciências, cujos representantes eram, então, Augusto Comte (filósofo francês positivista), Charles Darwin (cientista inglês evolucionista - a origem das espécies), Spencer, Claude Bernard (médico francês que estudava a homeostasia – constância do meio interior, ou seja, o equilíbrio) e outros.
          O Realismo surgiu como uma reação ao subjetivismo, individualismo e eu românticos da escola literária anterior. Em seu lugar surgem o objetivismo e o impersonalismo do artista, ou seja, a razão, a pesquisa, a ciência vêm ocupar o lugar do sentimentalismo. Os realistas procuram retratar o homem e a sociedade a partir da observação do ambiente, dos costumes, das atitudes, dos comportamentos, procurando as causas dos fatos e fenômenos que abordam.

II - CONTEXTO HISTÓRICO

          A partir da segunda metade do século XIX, a sociedade brasileira sofreu grandes transformações. De sociedade agrária, latifundiária, escravocrata e aristocrática passou a ser uma civilização burguesa e urbana. A mão-de-obra escrava aos poucos foi substituída pelos imigrantes europeus assalariados que vinham trabalhar na lavoura cafeeira.
          A década de 80 corresponde ao período de intensificação da campanha abolicionista que culminou com a Lei Áurea de 1888; ao período da Guerra do Paraguai e ao período da decadência da monarquia e estabelecimento da República.
         Foi em plena época realista que ocorreu a Fundação da Academia Brasileira de Letras, em 1897, e um processo que pode ser chamado deoficialização da literatura. O escritor que antes era meio discriminado, marginalizado, começou a ter prestígio e a participar mais ativamente da vida social.
         O Realismo brasileiro apresentou basicamente as mesmas características do Realismo europeu, apenas com alguns aspectos locais, principalmente na poesia. Ao contrário do que ocorreu em Portugal, no Brasil, não tivemos uma poesia realista significativa.

Principais autores e obras:
• Machado de Assis
Romances: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Ressurreição, A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, Memorial de Aires.
Contos: Contos Fluminenses, Histórias da Meia-Noite, Papéis avulsos, Histórias se, data, Várias histórias, Páginas recolhidas, Relíquias de casa velha.
Crônica: A semana.
Poesias: Crisálidas, Falenas, Americanas, Ocidentais.
Teatro: Os deuses de casaca, O protocolo, Queda que as mulheres tem pelos tolos, Quase ministro, Caminho da porta.

• Raul Pompéia
Romances: O ateneu, A mão de Luís Gama, As jóias da coroa, Uma tragédia no Amazonas.
Poemas em prosa: Canções sem metro.


Naturalismo no Brasil




INTRODUÇÃO

           O Naturalismo foi um movimento cultural relacionado às artes plásticas, literatura e teatro. Surgiu na França, na segunda metade do século XIX. Este movimento foi uma radicalização do Realismo.
           O Naturalismo considera o ser humano como um produto biológico, profundamente marcado pelo meio ambiente, pela educação, pelas pressões sociais e pela hereditariedade. Todos esses fatores determinam a sua condição, o seu comportamento. O escritor naturalista observa, estuda, segue os seus personagens de perto, para entender as causas do seu comportamento e chegar ao conhecimento objetivo dos fatos e situações. Abordando dessa forma a realidade social brasileira, destacando a vida nos cortiços, o preconceito, a diferenciação social, entre outros temas. O Mulato, de Aluísio de Azevedo, publicado em 1881, foi o primeiro grande romance naturalista brasileiro.

Principais autores e obras:
• Aluísio de Azevedo
Romances: O Mulato, Casa de pensão, O cortiço, O homem, O coruja.

• Adolfo Caminha
Romances: O Bom Crioulo, A normalista

Características do Naturalismo

- O mundo pode ser explicado através das forças da natureza;
- O ser humano está condicionado às suas características biológicas (hereditariedade) e ao meio social em que vive;
- Forte influência do evolucionismo de Charles Darwin;
- A realidade é mostrada através de uma forma científica (influência do positivismo);
- Nas artes plásticas, por exemplo, os pintores enfatizam cenas do mundo real em suas obras. Pitavam aquilo que observavam;
- Na literatura, ocorre muito o uso de descrições de ambientes e de pessoas;
- Ainda na literatura, a linguagem é coloquial;
- Os principais temas abordados nas obras literárias naturalistas são: desejos humanos, instintos, loucura, violência, traição, miséria, exploração social, etc.

PARNASIANISMO
INTRODUÇÃO

          O Realismo, na poesia, chamou-se Parnasianismo. O nome Parnasianismo surgiu na França e deriva do termo "Parnaso", que na mitologia grega era o monte do deus Apolo e das musas da poesia.
          No Brasil, o parnasianismo chegou na segunda metade do século XIX e teve força até o movimento modernista (Semana de Arte Moderna de 1922).
          Os poetas parnasianos adotam a teoria da “arte pela arte” e deixam aparecer, em suas obras, uma espécie de impassividade, de indiferença moral. Muitas vezes pintam uma beleza exterior, arcaica, exótica. Protestam contra o individualismo e subjetivismo exagerados dos românticos e valorizam a forma do poema, usam uma linguagem extremamente elaborada, vão à procura de palavras incomuns, adotam a observância rígida das regras da metrificação.

Características do Parnasianismo

- Objetividade no tratamento dos temas abordados. O escritor parnasiano trata os temas baseando na realidade, deixando de lado o subjetivismo e a emoção;
- Impessoalidade: a visão do escritor não interfere na abordagem dos fatos;
- Valorização da estética e busca da perfeição. A poesia é valorizada por sua beleza em sí e, portanto, deve ser perfeita do ponto de vista estético;
- O poeta evita a utilização de palavras da mesma classe gramatical em suas poesias, buscando tornar as rimas esteticamente ricas;
- Uso de linguagem rebuscada e vocabulário culto;
- Temas da mitologia grega e da cultura clássica são muito frequentes nas poesias parnasianas;
- Preferência pelos sonetos;
- Valorização da metrificação: o mesmo número de sílabas poéticas é usado em cada verso;
- Uso e valorização da descrição das cenas e objetos.

Principais autores e obras:
- Alberto de Oliveira
Obras principais: Meridionais (1884), Versos e Rimas (1895), Poesias (1900), Céu, Terra e Mar (1914), O Culto da Forma na Poesia Brasileira (1916).

- Raimundo Correia
Obras principais: Primeiros Sonhos (1879), Sinfonias (1883), Versos e Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898).

- Olavo Bilac
Obras principais: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Crítica e fantasia (1904), Conferências literárias (1906), Dicionário de rimas (1913), Tratado de versificação (1910), Ironia e piedade, crônicas (1916), Tarde (1919).
* Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia formaram a chamada "Tríade Parnasiana".


O Realismo em Portugal (1865-1890)

          No final da época romântica, surgem em Portugal as novas tendências realistas, vindas da França. Inicia-se, então, uma polemica entre os escritores dos ideais do Realismo. Foi a chamada Questão Coimbrã, que tinha de um lado, principalmente, Antônio Feliciano de Castilho, romântico, e, de outro, Antero de Quental (optou pela poesia filosófica, metafísica, indagadora das causas dos fenômenos da consciência e da existência), com idéias inovadoras, Antero chega a escrever o folheto Bom Senso e Bom Gosto, ridicularizando Castilho.
         O grupo realista aluga o Cassino Lisboense, para reunir e realizar suas “Conferencias Democráticas”, expondo as novas idéias literárias e culturais.
Entre os principais escritores do realismo português, está:
Prosa
Eça de Queirós – O crime do Pe. Amaro, O primo Basílio, Os Maias, A relíquia, A cidade e as serras, O mandarim, A ilustre casa de Ramires, O conde de Abranhos, Últimas páginas.

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