Pesquisa mostra que bom desempenho escolar leva profissionais a ter salários maiores
Rio - O que já era uma percepção foi confirmado: alunos com as melhores notas
na escola conseguem salários maiores ao ingressar no mercado de trabalho. Um
estudo da Fundação Itaú Social mostra que o aumento de 10% nas notas de
Matemática e Língua Portuguesa reflete em um salário, em média, 5% maior cinco
anos após a conclusão do Ensino Médio. O resultado confirma o peso da Educação
como fator explicativo para a desigualdade de renda no país e demonstra a
necessidade de se investir no ensino público e no professor.
O estudo, feito pelo coordenador do Insper Naércio Menezes Filho, e pela
pesquisadora da FGV Andréa Zaitune Curi, teve como base as notas obtidas por
duas gerações no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), por
meio da Prova Brasil. Gerente de Educação da fundação, Patricia Mota Guedes
explica que os resultados já descontam o efeito de outros fatores na renda dos
jovens, como gênero e cor da pele, por exemplo.
“Por muitos anos, tivemos estudos mostrando que quanto mais tempo de
escolaridade, maior a renda. Mas essa pesquisa aponta para a importância da
qualidade do aprendizado e mostra que é preciso valorizar os professores, pois
os alunos não desenvolvem essas habilidades sozinhos”, disse.
De acordo com o relatório, o processo educacional brasileiro pode ser
caracterizado como lento — mesmo quando comparado a países com nível de
desenvolvimento inferior —, desigual e concentrado em uma parcela privilegiada
da população. Secretário estadual de Educação, Wilson Risolia diz que essa
situação pode ser revertida por meio de uma reestruturação do Ensino Médio.
“De fato, como mostram os resultados das avaliações feitas, inclusive, pelo
Ministério da Educação, os avanços têm sido lentos. Uma reformulação do Ensino
Médio, capitaneado pelo Governo Federal, pode ajudar a acelerar. É preciso
entender o que o jovem quer e ser objetivo, oferecendo a ele o que quer e
gosta”, defendeu.
Responsável pela criação do programa Dupla Escola, de ensino integral, ele
acredita que só recentemente a sociedade “acordou” para a importância da
Educação. “Porque começou a afetar a economia. Não há mão de obra qualificada no
país. Muitas empresas estão investindo no Brasil e o trabalho qualificado tem
que vir de fora. Portanto, investir em Educação é, sim, investir no
desenvolvimento da sociedade”, argumenta.
Valorizar docente é caminho para desenvolvimento
Coordenador das disciplinas pedagógicas da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), William Soares afirma que o
professor e o ensino ainda não são valorizados no Brasil. “Os políticos não
pensam em projetos de Educação a longo prazo, pensam a curto prazo, para fins
eleitorais”, diz.
Segundo ele, esse é um problema histórico no país. “Na década de 70,
resolvemos fazer o milagre econômico. Por sua vez, países como a Coreia do Sul,
por exemplo, preferiram investir na Educação. Hoje, eles exportam profissionais,
como engenheiros. Ou seja, exportam conhecimento. Enquanto nós importamos mão de
obra. Muitos funcionários da Petrobras são estrangeiros”, afirma.
Além de ser importante para a economia, a formação das crianças é fundamental
para a evolução da sociedade como um todo. Para o pedagogo, é necessário um
plano de valorização da Educação a nível nacional, que inclui a preocupação com
o professor. “Só assim teremos bons médicos, bons engenheiros, bons políticos e
bons cidadãos”, defende Soares.
Patricia Mota Guedes, da Fundação Itaú Social, também acredita que, para
haver desenvolvimento no país, o professor não pode ser deixado sozinho. “Esses
profissionais precisam do apoio da escola e do governo. É preciso criar
condições que facilitem esse trabalho”, alega.
E isso tem que ser feito o mais breve possível. De acordo com o pedagogo,
muitos professores hoje pensam em desistir da carreira, que “paga mal e não é
valorizada”.
Maturidade também é importante
A advogada Camila Marchi, 33 anos, estudou em escola particular a vida
inteira. Ela tirava boas notas e hoje tem uma renda média de nove salários
mínimos por mês. Para ela, o fato de ter sido boa aluna ajudou, mas a maturidade
foi o mais importante para “correr atrás dos objetivos”.
O técnico de telecomunicação, Rogério Luis, 33, concorda. Ele também estudou
em escolas particulares e hoje tem renda mensal de sete salários mínimos. “O que
me fez ter uma renda boa foi meu empenho na maturidade”, diz. Para ele, mesmo
tendo sido bom aluno, se não tivesse determinação, não adiantaria ter tirado
nota 10 em todas as provas.
A assessora Caroline Cavassa, por sua vez, estudou em escola pública e conta
que não era boa aluna. Com a maturidade, seu desempenho melhorou na faculdade.
Hoje, ela recebe sete salários mínimos por mês.
Ter diploma agrega valor
A Universidade Estácio de Sá divulgou este ano pesquisa que mostra que a
renda média de um aluno da instituição aumenta 78% desde o ingresso na faculdade
até o primeiro ano após a formatura.
No ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já
havia divulgado também que a diferença salarial média entre os trabalhadores com
e sem diploma era de 219,4% em 2011.
Diretora de Marketing da Estácio e responsável pelo estudo, Silvia Cezar
explica que o Ensino Superior agrega valor ao profissional e faz com que salário
aumente. Isso acontece porque, com a especialização, os profissionais ocupam
cargos mais altos.
“Quando avaliamos os cargos que os alunos ocupam quando iniciam o curso
universitário e depois, percebemos uma migração de funções genéricas para
gerentes e coordenadores, ou seja, posições mais especializadas, em áreas que
esses jovens estão estudando. Hoje, uma das maiores carências do país é com
relação à mão de obra qualificada. E isso está diretamente relacionado à questão
da empregabilidade e das remunerações”, avalia.
O Dia
Sempre foi !! Tem gente que, só porque tem uma condição financeira boa , acha que não precisa estudar... O interessante é , que quem quer estudar , fazer uma faculdade boa não consegue , mas quem não quer nada , consegue pelo dinheiro ...
ResponderExcluirNa verdade não acho bom saber que a sociedade só "acordou" para a importância da educação quando isso estava afetando a economia. Aprendi que na vida tudo pode ser tirado de você, exceto o conhecimento e a educação. De certa forma pode-se definir educação como o "alicerce" do seu futuro, que precisa ser bem construída para um bom resultado. Com educação, interesse e maturidade se pode chegar aonde quiser na vida.
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