quarta-feira, 26 de março de 2014

Editorial - Guerra dos rios deve ter outro foco

Cuidassem melhor de todos os cursos d’água, estariam os governos de Rio e São Paulo no desespero por causa de uma estiagem?

O Dia

Rio - Os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo se ouriçam numa nova polêmica que reacende a histórica rixa entre fluminenses e paulistas. A querela da vez é pelas águas do Paraíba do Sul, rio de suma importância para ambos. Foi graças a ele que cidades cresceram e prosperaram; foi dele que pescadores retiraram a imagem de Nossa Senhora Aparecida; e dele saem milhões de litros d’água que abastecem grande parte do Rio e o Vale que leva seu nome. Agora, São Paulo pede à União que tenha o controle do curso d’água, para desespero das autoridades fluminenses, que já anteveem um cenário apocalíptico. Antes que se armazene saliva para bate-bocas e se perturbe a Justiça, é prudente olhar a questão sob outros ângulos, sobretudo o da preservação ambiental.
A seca sem precedentes que marcou o verão castiga mais os paulistas que os fluminenses. Estima-se que quase 20 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo passem por um incômodo racionamento de água. No Rio, há falhas pontuais no fornecimento, mas não existe no curto prazo previsão de cortes sistemáticos. Isso deve ter levado o governador Geraldo Alckmin a propor uma espécie de transposição, interligando o Paraíba do Sul ao combalido Sistema Cantareira. Argumenta que o canal será uma “via de mão dupla”, podendo auxiliar o Rio num futuro de seca mais severa aqui.
Cuidassem melhor de todos os cursos d’água, estariam os governos de Rio e São Paulo no desespero por causa de uma estiagem? O Tietê sofre há anos com a putrefação, e o mesmo se observa nos castigados leitos do Grande Rio, sobretudo na Baixada. Aqui, sobrecarrega-se o Guandu, uma transposição do próprio Paraíba do Sul. Caso ocorra alguma hecatombe ambiental, as duas megalópoles do país poderão ficar sem uma gota de água.
É mais proveitoso usar energia para limpar e salvar rios, a fim de aumentar a matriz hídrica, do que começar uma batalha fratricida.

Um comentário:

  1. Se as pessoas parassem de olhar só para si mesma e olhassem para o que está ao redor delas elas veriam um mundo que está se destruindo. À tanta ignorância, as pessoas só percebem o que está ocorrendo quando o acontecimento está batendo à porta. Isso deve mudar, devemos nos preocupar desde já,um pequeno gesto pode fazer uma grande diferença.

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