Luiz Garcia, O Globo
Todo os servidores públicos têm direito a um salário, que seja satisfatório
em relação ao trabalho que realizam, assim como como capaz de mantê-los, e às
suas famílias, em pelo menos condições de sobrevivência e algum conforto.
Obviamente, quanto mais importante para o País e a sociedade, maior a grana.
Prosseguindo no óbvio, cabe ao Estado determinar os níveis de remuneração de
cada funcionário. Evidentemente, raros acham que recebem o bastante. É
compreensível. E às vezes, por razões que não são difíceis de entender, o
cidadão comum acha que a turma lá de cima anda mamando em tetas gordas
demais.
Um exemplo disso é o que se acaba de descobrir em relação aos ministros de
quatro tribunais superiores: eles receberam, do nosso bolso, um total de R$ 3,64
milhões, correspondentes a nove anos de refeições. O nome técnico dessa bolada é
“auxílio-alimentação retroativo”.
O dinheiro foi fornecido por quatro tribunais superiores : o Militar, o de
Justiça e o do Trabalho revelaram as quantias: o Tribunal de Contas da União
relutou, mas acabou prometendo submeter a questão à Lei de Acesso à Informação.
Seria mesmo muito estranho que os juízes que fiscalizam o uso dos recursos
públicos mantivessem em segredo o seu próprio uso desse dinheiro.
A única desculpa do TCU é o fato de que, antes, eles liberaram pagamentos
retroativos a quase cinco mil juízes federais e do Trabalho, pouco depois de
fazerem o mesmo em relação aos tribunais superiores.
Pode-se admitir que essa farra do almoço judiciário seja legal. Mas o caso
vem sendo questionado no Conselho Nacional de Justiça e no Supremo Tribunal
Federal. Se esse auxílio-alimentação retroativo (nome oficial da benesse) for
aprovado, talvez seja difícil impedir que se espalhe pelo primeiro time do
governo federal.
Será uma farra e tanto — que você vai pagar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário