CAMPO GRANDE - O índio guarani-caiová Celso Figueiredo, de 34 anos, foi assassinado em uma emboscada no início da manhã desta quarta-feira em Paranhos, a 469 quilômetros de Campo Grande (MS), na fronteira com o Paraguai. De acordo com boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Polícia Civil da cidade pela irmã dele, Jussara Rodrigues, a vítima e o pai, Alexandro, saíram da aldeia Paraguassu por volta das 5h para irem à fazenda Califórnia para receber pelo serviço que havia prestado ao proprietário rural, quando foram surpreendidos por um homem armado e que usava uma touca.
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Segundo Jussara, quando Celso e o pai estava atravessando a ponte sobre o rio Iguatemi, que separa a aldeia da fazenda Califórnia, foram pegos de surpresa por um homem que atirou com uma espingarda em Celso. Quando o indígena já estava ferido, ele recebeu mais tiros de pistola. O pai dele saiu correndo de volta para a aldeia e conseguiu escapar. No local a polícia encontrou projéteis e munição.
O administrador regional da Funai em Dourados, Vander Nishijima, afirmou que ainda não se sabe as circunstâncias e nem a motivação para o crime. Segundo ele, equipe da Funai de Ponta Porã foi à região para verificar a situação. Paranhos é um dos municípios do Estado onde há anos índios e fazendeiros vivem em conflito por causa da disputa por terra.
O coordenador estadual do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Flávio Machado, disse que lideranças dos guarani-caiová foram para a aldeia Paraguassu para acompanhar o caso. A preocupação é que Paranhos é uma região que vive sobre o clima de tensão por conta das disputas agrária. Foi lá que em 2009 os irmãos guarani-caiová Rolindo e Genivaldo Vera foram mortos depois de um ataque de pistoleiros ao acampamento indígena. O corpo de Rolindo até hoje não foi encontrado. O de Genivaldo foi localizado uma semana depois, com marcas de tiros boiando num riacho próximo ao acampamento onde ele e o irmão viviam.
— Os índios afirmam que ele (Celso Figueiredo) foi vítima de um pistoleiro, mas isso ainda tem que ser apurado, e para isso as lideranças foram para a aldeia — afirmou Machado.
O delegado da polícia civil de Paranhos, Rinaldo Moreira, afirma que por enquanto não há indícios de que o crime teria motivação de conflito agrário. Segundo ele, pode ser que Celso Figueiredo tenha sido vítima de uma tocaia e que o criminoso sabia que ele iria receber um pagamento naquele dia e que passaria pelo local naquele horário. A polícia também acredita que somente Celso era o alvo do atirador.
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