Calcula-se que mais de um milhão de pessoas participaram das últimas
manifestações em todo o país. Destas, é provável que a maioria tenha sido
formada por jovens entre 15 e 35 anos, ou seja, aquela turma que os americanos
chamam (e nós repetimos) de “geração do milênio”, “geração internet” ou “geração
me”, por ser supostamente individualista, narcisista, ansiosa, dependente dos
smartphones e, sobretudo, alienada.
Uma pesquisa da revista “Time” concluiu que, entre todos os exemplares da
juventude pós-moderna, essa é a de menor participação política, a de engajamento
zero.
Também aqui no Brasil reclamávamos que ela não gostava de ler, não tinha
projeto e só pensava em si — que se danasse o outro, o país e o mundo, já que
cada um, diante do computador, criava o seu próprio universo virtual.
Ao contrário da geração de 68, dogmática e apostólica, que acreditava na
vitória do proletariado, os jovens do terceiro milênio seriam menos crédulos e
menos solidários, só querendo saber do aqui e agora.
O que ninguém esperava é que esses jovens tidos pelos estereótipos como os
mais alienados seriam justamente aqueles capazes de “acordar o gigante
adormecido” e de devolver ao país o ânimo de poder mudá-lo. E isso sem a máquina
do Estado, sem a cobertura dos sindicatos, dos partidos nem das organizações
sociais. Apenas com a internet.
Cobrindo a manifestação no Rio, a repórter Lilia Teles notou um pequeno
cartaz com a seguinte inscrição, que poderia funcionar como uma espécie de
epígrafe: “Menos eu e mais nós.” De todas as palavras de ordem lidas e ouvidas
nas passeatas, estas talvez tenham sido as que melhor soam como programa e
plataforma de uma geração anárquica, que não quer nem uma coisa nem outra, e
que, de tão diversa, nem mesmo pode ser chamada de geração.
Se nada for feito com rigor para impedir a infiltração dos vândalos nas
manifestações, o movimento vai perder o que havia conquistado: o apoio
entusiasmado da opinião pública, que está sendo substituído pelo medo.
Não adianta mais alegar que esses marginais predadores constituem uma
minoria, porque é uma minoria disposta a só produzir estragos. Imagens como as
de ontem à tarde na Barra da Tijuca, por exemplo, mostrando grupos de jovens com
o rosto coberto, agindo impunemente — quebrando vitrines, promovendo saques em
lojas e depredando automóveis à venda —, tinham a ver mais com arrastão do que
com protesto.
Eu concordo com esses protestos porque eu acho que a saúde vem em primeiro lugar e depois o lazer.O governo deve investir mais na saúde pública pois eles ficam construindo estádios para copa e depois não tem dinheiro para investir na saúde que nesse caso deve vir em primeiro lugar.
ResponderExcluirBÁRBARA ABADE
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