São seriíssimas as acusações do sociólogo Paulo Baía, que afirmou sexta-feira ter sofrido sequestro-relâmpago para fins de intimidação
Rio - São seriíssimas as acusações do sociólogo Paulo Baía, que afirmou
sexta-feira ter sofrido sequestro-relâmpago para fins de intimidação. Quem
supostamente o manteve em cárcere privado, um quarteto encapuzado, teria
proibido o professor de voltar a falar da Polícia Militar. O especialista
criticara na mídia, um dia antes, a ação da PM nos distúrbios de quarta-feira no
Leblon — tema de análise neste espaço.
A opinião de Baía, em parte compartilhada no Editorial de sexta-feira,
apontava para os dois pesos e as duas medidas da polícia observados em
diferentes situações. Ora se abusava desmesuradamente da força, ora se deixava
correr solta a barbárie. É uma equação que ainda carece de solução, pois a
cúpula da segurança afirmou que voltará a endurecer contra manifestantes
exaltados.
Esta é uma questão grave, mas mais gritante é o atentado à liberdade de
expressão que o sociólogo afirma ter sofrido. Isoladamente, ser obrigado a
entrar num carro com sujeitos mascarados e armados para ouvir ameaças claras é
um absurdo. Se os autores do atentado forem policiais, como se suspeita, o caso
extrapola todos os limites do aceitável. Teria-se aí quadro condizente com o
mais violento regime de exceção, em que gente influente se via obrigada a
exilar-se — o odioso “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Mostraria também que a banda
podre, ou talvez oficialmente e orgulhosamente podre, continua com poder dentro
da corporação.
Situação que, somada à força descomunal sobre ativistas de bem e a prisão
arbitrária de manifestantes, joga assustadoras sombras numa polícia que deveria
andar com o cidadão.
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