quarta-feira, 24 de julho de 2013

Editorial - De volta ao "ame-o ou deixe-o" ?

São seriíssimas as acusações do sociólogo Paulo Baía, que afirmou sexta-feira ter sofrido sequestro-relâmpago para fins de intimidação

O Dia
Rio - São seriíssimas as acusações do sociólogo Paulo Baía, que afirmou sexta-feira ter sofrido sequestro-relâmpago para fins de intimidação. Quem supostamente o manteve em cárcere privado, um quarteto encapuzado, teria proibido o professor de voltar a falar da Polícia Militar. O especialista criticara na mídia, um dia antes, a ação da PM nos distúrbios de quarta-feira no Leblon — tema de análise neste espaço.
A opinião de Baía, em parte compartilhada no Editorial de sexta-feira, apontava para os dois pesos e as duas medidas da polícia observados em diferentes situações. Ora se abusava desmesuradamente da força, ora se deixava correr solta a barbárie. É uma equação que ainda carece de solução, pois a cúpula da segurança afirmou que voltará a endurecer contra manifestantes exaltados.
Esta é uma questão grave, mas mais gritante é o atentado à liberdade de expressão que o sociólogo afirma ter sofrido. Isoladamente, ser obrigado a entrar num carro com sujeitos mascarados e armados para ouvir ameaças claras é um absurdo. Se os autores do atentado forem policiais, como se suspeita, o caso extrapola todos os limites do aceitável. Teria-se aí quadro condizente com o mais violento regime de exceção, em que gente influente se via obrigada a exilar-se — o odioso “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Mostraria também que a banda podre, ou talvez oficialmente e orgulhosamente podre, continua com poder dentro da corporação.
Situação que, somada à força descomunal sobre ativistas de bem e a prisão arbitrária de manifestantes, joga assustadoras sombras numa polícia que deveria andar com o cidadão.

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