sexta-feira, 5 de julho de 2013

Aconteceu na FLIP - Bethânia leva paixão por Fernando Pessoa







Não é de hoje a intimidade de Maria Bethânia com a obra de Fernando Pessoa. Em 1971, a cantora estreou o espetáculo “Rosa dos ventos”, no qual incluiu alguns dos poemas do autor, e nunca mais os abandonou. O nome do poeta português até soa formal para a cantora, que se poupa do sobrenome, chamando-o apenas de Fernando.

Convidada para participar pela segunda vez da festa — a primeira foi em 2006 —, Bethânia compõe hoje, às 19h30m, a mesa “Lendo Pessoa à beira-mar”, com Cleonice Berardinelli, considerada a maior estudiosa brasileira da literatura portuguesa. Antes do esperado encontro, a dupla, que em 2010 foi condecorada pelo governo português com a medalha da Ordem do Desassossego, criada para prestigiar divulgadores da obra do poeta pelo mundo, se encontrou no Rio para preparar o roteiro e ensaiar a leitura, que inclui trechos de obras de Pessoa e seus heterônimos, como “O guardador de rebanhos” e “Mensagem”.

— A direção é toda de Cleo. Eu sou uma leiga, apaixonada. Ela entende de métrica e ritmo. Vamos contracenar um pouco e ler trechos em dueto — antecipou Bethânia, que pretende assistir à mesa “Uma vida no cinema”, com Miúcha e Nelson Pereira dos Santos. — Fiquei muito comovida com o convite, estou alegre de fazer parte deste encontro. Especialmente este ano, em que o homenageado é Graciliano, com quem me identifico muito.

Além da literatura de Pessoa e Graciliano, Bethânia admira autores como Castro Alves, Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade — de cujas obras já levou trechos para os palcos.

— Sempre li muito, tudo que pude, mas não sou uma estudiosa dos livros. Acho bonito como Graciliano expõe sua relação com o sertão. Quase morri quando li e depois assisti ao filme “Vidas secas”. É muito forte, ficou muito marcado na minha cabeça — disse.

Quando Bethânia escreve, sempre para si mesma — apenas um de seus poemas, “Carta de amor”, entrou para seu repertório —, o objetivo é fazer um desabafo. O prazer da leitura, hoje, é inspirado nos fãs.

— Recebo muitos discos e livros nos meus shows. Gosto de ler sobre o que minha plateia está dizendo, pois quero saber o que estão pensando, para onde estão indo... Sou preguiçosa para procurar novos nomes, mas sempre tem um amigo que apresenta.

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