Internações, choques elétricos, drogas, sexo, rock e ritos satânicos são destaques no filme sobre o mais famoso escritor brasileiro da atualidade
Tamara Menezes
FILMAGENS
Paulo Coelho aos 31 anos, época retratada na cinebiografia
que está sendo feita no Rio e na Espanha: apreensão
Paulo Coelho aos 31 anos, época retratada na cinebiografia
que está sendo feita no Rio e na Espanha: apreensão
"Ele poderia ter se acomodado na loucura, no fracasso, no sucesso com a música, mas o que ele queria mesmo era ser escritor.” Essa é a avaliação da roteirista Carolina Kotscho sobre a vida repleta de lances fantásticos de Paulo Coelho, cuja ambição de jovem se realizou e agora vai virar filme. Carolina é a responsável pela difícil tarefa de sintetizar em uma cinebiografia os primeiros 40 anos da trajetória do autor literário mais famoso do Brasil em “Não Pare na Pista: a Melhor História de Paulo Coelho”, que no momento está sendo rodado na Espanha. Antes de ficar conhecido no mundo inteiro como “o mago”, Paulo Coelho viveu experiências de loucura real — quando foi internado em um sanatório e recebeu choques elétricos — e de loucuras estéticas e existenciais ao lado do cantor Raul Seixas, parceiro de canções como “Gita” (aquela do refrão “eu sou o início, o fim e o meio”), numa época regada a rock, drogas e utopias. Nessa fase, ele teve um guru, o britânico Aleister Crowley, e sequer desconfiava que seria ele mesmo, no futuro, um líder místico internacional. O escritor está “temeroso” sobre como será retratado no cinema, como disse à ISTOÉ: “Ao contrário da biografia impressa, que é sempre fiel, a cinematográfica é um exercício de imaginação. Não depende apenas do personagem central, mas do diretor, atores, etc.”
Aos 65 anos e morando na Suíça, ele confidenciou que tem levado “vida de ermitão, isolado do mundo”, mas vai voltar a Santiago de Compostela exclusivamente para “celebrar o término das filmagens, na terça-feira 2, com toda a equipe”. O ator gaúcho Julio de Andrade, 30 anos, vai se revezar com o irmão mais novo, Ravel, para reviver a adolescência e a juventude do escritor carioca – a caracterização ficou a cargo de Stephen Murphy, da série “Harry Potter”. O roteiro privilegia as angústias, os questionamentos sobre a família, a preferência sexual e a religião, e a inquietude que levou o escritor a ter experiências com ocultismo e rituais satânicos. “Foi uma vida muito tumultuada, dramática desde a infância”, diz o biógrafo Fernando Morais, autor de “O Mago”(Planeta). O Rio de Janeiro é o cenário de 80% do filme. O restante foi feito na Espanha, em locais como a aldeia de Cebreiro e a basílica de Santiago de Campostela, na Galícia. “Visitar esses lugares ajuda a conhecê-lo mais. O Caminho de Santiago, por exemplo, é uma viagem exterior e interior ao mesmo tempo”, afirma o diretor paulista Daniel Augusto, que vai recriar imagens da peregrinação de Paulo Coelho.
Colaborou: Eliane Lobato
Revista Isto É
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