Rio - Dados do MEC dão conta de que 93% das escolas têm computadores e até internet. O problema está no uso dessa ferramenta de modo correto. O que vejo em muitas escolas são caixas de computadores guardadas dentro de secretarias ou bibliotecas sem que haja iniciativa de abri-las e colocá-los para funcionar.
É o perfeito ‘jogo do perdedor’ que entra em cena: “Não se deve abrir a caixa porque não temos quem faça a instalação”; “Se for feita a instalação, precisaremos conseguir a senha no MEC”; “Se conseguirmos a senha, o modem poderá estar em falta no mercado”; “Se tudo estiver em funcionamento, não teremos quem oriente o uso do equipamento”; “Se tivermos, muitos podem não querer aprender”, e por aí vai.
Então eu me pergunto: como pode o professor exigir receber salário mais alto se não quer aprender a usar ferramentas modernas? É verdade que eles precisam ter alguém para lhes ensinar. Se não quiserem aprender com os alunos — que, por sua vez, aprenderam sozinhos com a máquina —, que procurem alguém na escola que saiba alguma coisa. Quem me ensinou a usar computador foi ele mesmo, com seus recursos de recuperação, feedback e ajuda.
Recentemente soube de um fato muito curioso: uma professora encontrou em sua sala de aula, numa escola particular, uma lousa digital. Foi à direção e perguntou se a carteira de trabalho tinha sido assinada. Diante da afirmativa, entristeceu-se porque teria de aprender a manejar aquela ferramenta.
Estamos numa encruzilhada: ou aprendemos e podemos reivindicar e melhorar nossos salários ou vamos optar pela ‘reclamação continuada’ — continuar ganhando mal, ensinando pior e preparando uma geração que não será capaz de sustentar-nos depois da aposentadoria.
Pedagogo e escritor
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