Às vésperas da conferência Rio-92, 20 anos atrás, o secretário-geral da Cúpula da Terra, Maurice Strong, afirmou: “Esta é a nossa última chance de salvar o planeta”. Agora, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, avisa que a Rio+20 é a “única oportunidade” de garantir um futuro sustentável. Do jeito como as coisas vão, a Rio+40 será a última oportunidade de salvar o mundo dos ecoburocratas, que estão cada vez mais contagiosos e letais.
Os negociadores dos mais de 130 países que estarão representados na conferência estão preocupados. Vários deles já disseram que a grande questão a decidir na Rio+20 é quem financiará o desenvolvimento sustentável, com quanto dinheiro. E que não há acordo à vista sobre isso. Talvez seja necessário responder a outra questão antes dessa: quem nos salvará dessas festas ecológicas milionárias que não decidem nada? Quem dará um basta nesses banquetes insustentáveis que discutem sustentabilidade?
Ninguém segura a patrulha da bondade e seu alegre circo do apocalipse. No picadeiro da salvação sempre cabe mais um. É aquela oportunidade valiosa para os ativistas de si mesmos descolarem mais um flash por um mundo melhor. O oportunismo é verde. Cientistas políticos gritam que o tempo está se esgotando, artistas buscam sofregamente algum bordão conceitual, mesmo que se atrapalhem um pouquinho - como na célebre frase de uma cantora de MPB em momento ético: “O problema do Brasil é a falta de impunidade”.
Enquanto a feira de lugares-comuns e o show de autoajuda planetária evoluem na avenida, o mundo piora. A crise nascida na Europa veio mostrar que a farra estatal é boa, mas um dia a conta chega. Com a licença dos ecologistas: pode ser a última chance de descobrir que não é o Estado que sustenta a sociedade, mas o contrário. E que não existe Estado forte com sociedade fraca. Pois é nesse momento de alerta contra os governos perdulários que se monta o colossal almoço grátis da Rio+20. Um banquete para discutir o desperdício. Haja sustentabilidade.
O que quer a faminta burocracia verde, com seus sábios fashion de bolinha vermelha na testa e seus relatórios sobre o fim do mundo? Quer a Bolsa Ecologia. Quer mais dinheiro do contribuinte para mais relatórios, mais comissões, mais mesadas para ONGs, mais conferências coloridas e animadas. Enquanto isso, a vida real vai muito bem, obrigado, para monstros como a usina hidrelétrica de Belo Monte - uma estupidez ecológica, uma aberração econômica e um monumento ao desperdício estatal. O custo cada vez mais insustentável da energia nuclear também não é problema para os abastados anfitriões da Rio+20, como prova a construção de Angra 3 - cujo lixo radioativo tem garantia até a Rio+2020. Passaporte para o futuro é isso aí.
Duas décadas de sustentabilidade conceitual não chatearam os vilões reais. Na Rio 92, foram assinadas as convenções de Biodiversidade e do Clima. A primeira instituiu o direito das populações tradicionais sobre o patrimônio genético de suas terras. Enquanto a biotecnologia progride, os povos da maior floresta tropical da Terra continuam a ver navios no Rio Amazonas. Os royalties que conhecem vêm do contrabando de madeira - porque infelizmente não podem se alimentar de convenções. A Convenção do Clima gerou o que se sabe: uma sucessão de protocolos sobre redução das emissões de gás carbônico. Cada um é mais severo que o anterior, devidamente descumprido. Com novos prazos de carência, as metas vão ficando mais ambiciosas, numa espécie de pacto com o nunca.
E aí está a patrulha da bondade em mais uma conferência planetária, reunindo os melhores especialistas internacionais em sustentabilidade e sexo dos anjos. Eles dirão que o mundo vai acabar e a culpa é sua. Mandarão você deixar seu carro na garagem e tomar banho rápido. Não falarão em controle populacional, porque isso é de direita. Eles são progressistas, sociais, amam cada um dos 7 bilhões de habitantes da Terra, que serão 10 bilhões até o fim deste século, todos muito bem-vindos.
O problema, claro, é do capitalismo individualista, cheio de egoístas que demoram no banho. Serão necessários muitos banquetes ecológicos para mudar essa mentalidade.
Os negociadores dos mais de 130 países que estarão representados na conferência estão preocupados. Vários deles já disseram que a grande questão a decidir na Rio+20 é quem financiará o desenvolvimento sustentável, com quanto dinheiro. E que não há acordo à vista sobre isso. Talvez seja necessário responder a outra questão antes dessa: quem nos salvará dessas festas ecológicas milionárias que não decidem nada? Quem dará um basta nesses banquetes insustentáveis que discutem sustentabilidade?
Ninguém segura a patrulha da bondade e seu alegre circo do apocalipse. No picadeiro da salvação sempre cabe mais um. É aquela oportunidade valiosa para os ativistas de si mesmos descolarem mais um flash por um mundo melhor. O oportunismo é verde. Cientistas políticos gritam que o tempo está se esgotando, artistas buscam sofregamente algum bordão conceitual, mesmo que se atrapalhem um pouquinho - como na célebre frase de uma cantora de MPB em momento ético: “O problema do Brasil é a falta de impunidade”.
Enquanto a feira de lugares-comuns e o show de autoajuda planetária evoluem na avenida, o mundo piora. A crise nascida na Europa veio mostrar que a farra estatal é boa, mas um dia a conta chega. Com a licença dos ecologistas: pode ser a última chance de descobrir que não é o Estado que sustenta a sociedade, mas o contrário. E que não existe Estado forte com sociedade fraca. Pois é nesse momento de alerta contra os governos perdulários que se monta o colossal almoço grátis da Rio+20. Um banquete para discutir o desperdício. Haja sustentabilidade.
O que quer a faminta burocracia verde, com seus sábios fashion de bolinha vermelha na testa e seus relatórios sobre o fim do mundo? Quer a Bolsa Ecologia. Quer mais dinheiro do contribuinte para mais relatórios, mais comissões, mais mesadas para ONGs, mais conferências coloridas e animadas. Enquanto isso, a vida real vai muito bem, obrigado, para monstros como a usina hidrelétrica de Belo Monte - uma estupidez ecológica, uma aberração econômica e um monumento ao desperdício estatal. O custo cada vez mais insustentável da energia nuclear também não é problema para os abastados anfitriões da Rio+20, como prova a construção de Angra 3 - cujo lixo radioativo tem garantia até a Rio+2020. Passaporte para o futuro é isso aí.
Duas décadas de sustentabilidade conceitual não chatearam os vilões reais. Na Rio 92, foram assinadas as convenções de Biodiversidade e do Clima. A primeira instituiu o direito das populações tradicionais sobre o patrimônio genético de suas terras. Enquanto a biotecnologia progride, os povos da maior floresta tropical da Terra continuam a ver navios no Rio Amazonas. Os royalties que conhecem vêm do contrabando de madeira - porque infelizmente não podem se alimentar de convenções. A Convenção do Clima gerou o que se sabe: uma sucessão de protocolos sobre redução das emissões de gás carbônico. Cada um é mais severo que o anterior, devidamente descumprido. Com novos prazos de carência, as metas vão ficando mais ambiciosas, numa espécie de pacto com o nunca.
E aí está a patrulha da bondade em mais uma conferência planetária, reunindo os melhores especialistas internacionais em sustentabilidade e sexo dos anjos. Eles dirão que o mundo vai acabar e a culpa é sua. Mandarão você deixar seu carro na garagem e tomar banho rápido. Não falarão em controle populacional, porque isso é de direita. Eles são progressistas, sociais, amam cada um dos 7 bilhões de habitantes da Terra, que serão 10 bilhões até o fim deste século, todos muito bem-vindos.
O problema, claro, é do capitalismo individualista, cheio de egoístas que demoram no banho. Serão necessários muitos banquetes ecológicos para mudar essa mentalidade.
Revista Época
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