A três horas e meia de carro de Londres, Hay-on-Wye é uma simpática vila de menos de dois mil habitantes, no País de Gales. Antes de ser o berço, há 25 anos, do festival literário que inspirou Liz Calder a dar vida à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), já carregava consigo o título de Cidade dos Livros, com mais de 30 livrarias. Um destino traçado com tinta em papel que transformou a pequena e agricultural Hay num polo de cultura e movimentado destino turístico.
No meio do caminho que leva até o complexo de tendas — só para palestras são cinco —, é visível o envolvimento da comunidade. Enquanto em Paraty os doces típicos são vendidos nos tabuleiros dos ambulantes, em Hay, jardim após jardim, os turistas dão uma paradinha para saborear o Welsh cake, um bolo com passas, ou comprar antiguidades expostas em tendas improvisadas. O clima ainda é de evento comunitário, embora o festival reúna autores entre os mais importantes do mundo.
— O Hay Festival era um evento aconchegante, com alguns encontros organizados por um grupo de amigos — conta uma das diretoras, Sophie Lording, que cuida do Hay Fever, a programação infantojuvenil. — Há dez anos ampliamos para as crianças, que vinham acompanhando os pais e estavam carentes de atrações.
Sophie não conhece a Flip e muito menos sabia que na praça da Flipinha as árvores dão livros e não frutos. Mas se encantou com a ideia, já que é uma entusiasta do roteiro destinado aos jovens leitores. Este ano, promoveu, com uma das estações de rádio da cadeia estatal BBC, um concurso de redação para crianças de 13 anos que teve 7.400 inscritos.
— O importante é que as crianças estejam engajadas no espírito do festival e também do lugar. O estímulo vai além da leitura. Temos o cinema do Hay, as expedições de galochas e as oficinas de arte — conta Sophie.
A oferta de programas é ampla porque a demanda é enorme. São mais de 80 mil turistas literários a passar pela estreita rua principal de Hay, paralela ao Rio Wye — em 2011, a Flip recebeu entre 20 mil e 25 mil pessoas. Para eles, foi criado um sistema de transporte especial: um micro-ônibus circula das tendas até o pequeno centro comercial com o leva e trás daqueles que não topam a caminhada de 15 minutos. Paga-se 1 libra (cerca de R$ 3) por cada dia de transporte.
Durante os 11 dias de festival — que acontece entre o fim de maio e o começo de junho —, essa pequena multidão ocupa todos os hotéis e casas da região.
O excesso de turistas numa cidade tão pequena acabou gerando novos negócios. Há três anos, sem achar reserva em pousada, Louise Carver acampou à beira do Rio Wye e, segundo conta, teve uma visão:
— Bati na porta do fazendeiro com terras à beira do rio e fiz uma proposta para alugar todo o espaço para o ano seguinte. Assim montei o negócio que hoje é minha principal fonte de renda.
Duas partes de uma Woodstock da mente
Louise é a administradora da Blue Bell Tents, empresa que oferece barracas — como as dos índios americanos, podendo abrigar duas camas de casal — como opção de hospedagem. O sistema é um misto de acampamento e hotel, com banheiros coletivos, uma tenda para o café da manhã e outra para shows intimistas regados a caldos de curry.
Frio, vento e chuva compõem o cenário e só aumentam a determinação de quem veio de longe para ouvir e ver as estrelas da literatura. É fácil notar que Hay e Paraty vibram do mesmo jeito, duas partes de uma Woodstock da mente, como Bill Clinton descreveu o evento em 2001.
No meio do caminho que leva até o complexo de tendas — só para palestras são cinco —, é visível o envolvimento da comunidade. Enquanto em Paraty os doces típicos são vendidos nos tabuleiros dos ambulantes, em Hay, jardim após jardim, os turistas dão uma paradinha para saborear o Welsh cake, um bolo com passas, ou comprar antiguidades expostas em tendas improvisadas. O clima ainda é de evento comunitário, embora o festival reúna autores entre os mais importantes do mundo.
— O Hay Festival era um evento aconchegante, com alguns encontros organizados por um grupo de amigos — conta uma das diretoras, Sophie Lording, que cuida do Hay Fever, a programação infantojuvenil. — Há dez anos ampliamos para as crianças, que vinham acompanhando os pais e estavam carentes de atrações.
Sophie não conhece a Flip e muito menos sabia que na praça da Flipinha as árvores dão livros e não frutos. Mas se encantou com a ideia, já que é uma entusiasta do roteiro destinado aos jovens leitores. Este ano, promoveu, com uma das estações de rádio da cadeia estatal BBC, um concurso de redação para crianças de 13 anos que teve 7.400 inscritos.
— O importante é que as crianças estejam engajadas no espírito do festival e também do lugar. O estímulo vai além da leitura. Temos o cinema do Hay, as expedições de galochas e as oficinas de arte — conta Sophie.
A oferta de programas é ampla porque a demanda é enorme. São mais de 80 mil turistas literários a passar pela estreita rua principal de Hay, paralela ao Rio Wye — em 2011, a Flip recebeu entre 20 mil e 25 mil pessoas. Para eles, foi criado um sistema de transporte especial: um micro-ônibus circula das tendas até o pequeno centro comercial com o leva e trás daqueles que não topam a caminhada de 15 minutos. Paga-se 1 libra (cerca de R$ 3) por cada dia de transporte.
Durante os 11 dias de festival — que acontece entre o fim de maio e o começo de junho —, essa pequena multidão ocupa todos os hotéis e casas da região.
O excesso de turistas numa cidade tão pequena acabou gerando novos negócios. Há três anos, sem achar reserva em pousada, Louise Carver acampou à beira do Rio Wye e, segundo conta, teve uma visão:
— Bati na porta do fazendeiro com terras à beira do rio e fiz uma proposta para alugar todo o espaço para o ano seguinte. Assim montei o negócio que hoje é minha principal fonte de renda.
Duas partes de uma Woodstock da mente
Louise é a administradora da Blue Bell Tents, empresa que oferece barracas — como as dos índios americanos, podendo abrigar duas camas de casal — como opção de hospedagem. O sistema é um misto de acampamento e hotel, com banheiros coletivos, uma tenda para o café da manhã e outra para shows intimistas regados a caldos de curry.
Frio, vento e chuva compõem o cenário e só aumentam a determinação de quem veio de longe para ouvir e ver as estrelas da literatura. É fácil notar que Hay e Paraty vibram do mesmo jeito, duas partes de uma Woodstock da mente, como Bill Clinton descreveu o evento em 2001.
JORNAL O GLOBO
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