Em 15 anos de existência, a revista RAÇA BRASIL publicou centenas de entrevistas com as mais variadas personalidades discutindo diversos temas. Por nossas páginas passaram atores, modelos, empresários, jornalistas e políticos de expressão, como o então presidente da República Luiz Inácio da Silva e, mais recentemente, o ex-presidente José Sarney.
Na edição 165 (abril/2012), procuramos - como de praxe nessa nova fase da revista - abordar temas importantes (e necessários) como exclusão e racismo e, nesse contexto, entrevistamos um jornalista que tem se tornado símbolo de sucesso e credibilidade na imprensa brasileira, uma exceção em um país onde são raros os negros que se destacam.
A repercussão da matéria - capa da edição supracitada - foi enorme e provocou vários debates sobre a questão racial brasileira, principalmente em relação ao que é ser ou não negro no Brasil, debate este já superado por muitos ativistas da causa no país. Entre as muitas manifestações que chegaram até nós por meio das redes sociais, emails e telefonemas, o jornalista Paulo Henrique Amorim (citado em quatro perguntas na extensa entrevista que Heraldo nos concedeu) pediu, por intermédio de seu advogado Cesar Klouri, direito de resposta para que pudesse se defender e esclarecer algumas informações publicadas que, para Paulo Henrique, são inverídicas acerca do processo judicial que envolve os dois jornalistas.
Pedido feito, pedido aceito! A entrevista com Paulo Henrique Amorim foi realizada no escritório do jornalista, no bairro de Higienópolis, em São Paulo.
Nela, o âncora do programa Domingo Espetacular, da Record, dá a sua versão dos fatos e responde também a algumas das centenas de perguntas que chegaram à redação devido à repercussão da matéria.
Nesse momento Paulo Henrique Amorim pega um pequeno quadro emoldurado com duas frases escritas.
Recentemente, eu, meu advogado e o presidente do Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé, fomos ao gabinete do ministro Aires Brito, presidente do Supremo Tribunal Federal, convidá-lo para participar do congresso do Barão de Itararé, na Bahia, no mês de maio, e pedimos a ele que nos desse uma frase que colocaríamos como banner na mesa dos trabalhos que abririam o congresso. Ele disse que não daria uma, mas duas. A primeira é: A Liberdade de Expressão é a Maior Expressão da Liberdade! O autor dessa frase é Aires Brito.
A outra é: Os Excessos de Liberdades se Corrigem com Mais Liberdade Ainda. E de quem é? De Alexis de Tocqueville, então, meu caro Pestana, eu vou ao supremo com esse quadrinho aqui na mão e quero ver só o seu Daniel Dantas me condenar, quero ver o Gilmar Mendes me condenar, quero ver o Naji Nahas me condenar, quero ver o Heraldo me condenar!
A Rede Globo sempre foi uma aliada da difusão de religiões de matrizes africanas, inclusive... (nova interrupção)
Quem disse isso?
Voltando à pergunta, a Rede Globo sempre foi uma aliada da difusão de religiões de matrizes africanas, inclusive com vários seriados de Jorge Amado. Já a Record, emissora que o senhor trabalha, 'sataniza' essas religiões.
Não é verdade!
Continuando, teve até processo por 'satanização' dessas religiões. Como o senhor vê isso?
Isso não é verdade, a Record não sataniza nada. Isso é uma mentira, eu contesto essa pergunta com duas informações: a primeira é que a Globo seja uma defensora da causa dos negros. Quantos heróis negros têm na Globo, além de Lázaro Ramos, me diga?
Revista Raça Brasil
Na edição 165 (abril/2012), procuramos - como de praxe nessa nova fase da revista - abordar temas importantes (e necessários) como exclusão e racismo e, nesse contexto, entrevistamos um jornalista que tem se tornado símbolo de sucesso e credibilidade na imprensa brasileira, uma exceção em um país onde são raros os negros que se destacam.
A repercussão da matéria - capa da edição supracitada - foi enorme e provocou vários debates sobre a questão racial brasileira, principalmente em relação ao que é ser ou não negro no Brasil, debate este já superado por muitos ativistas da causa no país. Entre as muitas manifestações que chegaram até nós por meio das redes sociais, emails e telefonemas, o jornalista Paulo Henrique Amorim (citado em quatro perguntas na extensa entrevista que Heraldo nos concedeu) pediu, por intermédio de seu advogado Cesar Klouri, direito de resposta para que pudesse se defender e esclarecer algumas informações publicadas que, para Paulo Henrique, são inverídicas acerca do processo judicial que envolve os dois jornalistas.
Pedido feito, pedido aceito! A entrevista com Paulo Henrique Amorim foi realizada no escritório do jornalista, no bairro de Higienópolis, em São Paulo.
Nela, o âncora do programa Domingo Espetacular, da Record, dá a sua versão dos fatos e responde também a algumas das centenas de perguntas que chegaram à redação devido à repercussão da matéria.
O que eu gostaria de deixar muito claro é que não cometi crime nenhum, não me sinto absolutamente criminoso, eu sou um jornalista que exerceu o seu direito de criticar, estou munido do que a gente chama "Liberdade de Expressão", direito assegurado pela constituição, a crítica que fiz, foi uma crítica exatamente ao negro que não protege o negro, que não defende o negro, que não luta contra o negro, e isso é derivado de uma crítica sistemática que faço ao trabalho do diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel, que escreveu um livro dizendo que no Brasil não há racismo (Não Somos Racistas, Editora Nova Fronteira).
O assunto nas duas ações do Heraldo é exatamente a crítica que faço ao Ali Kamel. Ele é o foco, o ponto nevrálgico da minha observação e, quando me refiro ao "negro de alma branca", me refiro exatamente ao negro que não protesta contra as medidas, as instituições e os processos que provocam a desigualdade e a marginalização do negro.
O Ali Kamel, em minha opinião, é um ideólogo, um divulgador de posições e preceitos que prejudicam a integração do negro. A minha crítica é a ele e ao fato de que o comportamento profissional do Heraldo se encaixa nesse protótipo de negro que não luta pelo negro.
Nesse momento, tento fazer a primeira pergunta, mas...
Só para concluir, eu tenho 51 anos de jornalismo, de vitrine. A minha biografia está aí nesse documento e nunca, em momento nenhum, fui acusado de qualquer tipo de racismo ou de qualquer tipo de atitude discriminatória contra negro, judeu, nordestino, palestino, homossexual, transexual... Nada, nunca! O Sr.Heraldo Pereira resolveu pegar uma frase fora de contexto e, movido por interesses que eu localizo nos interesses políticos do ministro Gilmar Mendes - sua testemunha no processo civil -, resolveu me calar. O que ele quer é me cercear, é impedir que eu o critique, ele e o Ali Kamel.
E eu vou criticá-lo, vou criticar o Ali Kamel, é o meu direito! E vou criticar o Gilmar Mendes por que, em minha opinião, é o espírito santo de orelha dessa ação que, para mim, nada mais é do que uma burla. Como eu digo nesse documento que está na justiça, uma burla para se vingar de mim, porque no meu blog Conversa Fiada, digo que o Gilmar Mendes não tem as necessárias indispensáveis qualidades para exercer o cargo de Ministro do Supremo, do ponto de vista técnico e, sobretudo, do ponto de vista da ética, por que o homem que se beneficia das oferendas de um dos principais advogados do Brasil, que tem uma centena de causas que correm nas instâncias superiores da justiça brasileira, como o Sr. Sérgio Bermudes, este homem não tem autoridade moral para sentar-se na Suprema Corte.
O meu problema, portanto, é menos com Heraldo do que com Ali Kamel, e, na máxima instância, com o Sr. Gilmar Mendes. Essa ação que o Ministério Público do Distrito Federal encampou contra mim faz parte de um processo mais amplo que se chama a judicialização da censura no Brasil, e o Heraldo, em minha opinião, nada mais é do que um veículo disso, um instrumento dessa política. Eu não tenho nenhum problema em ter feito um acordo com ele, um acordo no civil que teve o título de uma retratação, que, segundo me ensinou o meu advogado Cesar Marcos Klouri, nada mais é do que uma decisão de interromper o mal que, por ventura, tenha sido feito. Retratar-se é impedir que o mal, que por ventura tenha sido feito, não continue a ser feito.
Eu me retratei porque, se ele, Heraldo, na pessoa física como cidadão, se considerou ofendido pela expressão 'negro de alma branca', eu lamento que isso tenha ocorrido e me retrato, agora não me retrato daquilo que eu disse. Uma que não foi feito com caráter racista, e ele, Heraldo, concorda. É bom ficar muito claro para os leitores da revista RAÇA BRASIL. O Heraldo assinou documento perante o juiz de direito em que ele diz: "A expressão 'negro de alma branca' não teve a intenção de ser uma ofensa e nem tem caráter racista." Quem diz isso não sou só eu, quem diz que essa expressão foi usada sem caráter racista foi o Heraldo Pereira. A assinatura dele foi firmada na minha frente e na de um juiz de direito, portanto, a manipulação promovida por ele ou não é uma questão a ser discutida mais tarde num outro fórum, numa outra circunstância.
E Paulo Henrique continua a sua defesa...
A utilização desse documento de retratação em que ele concorda com a expressão 'negro de alma branca' não foi utilizada numa colocação racista. A manipulação desse meu prejuízo é outra questão e mereceu, de minha parte, com ajuda de meu advogado, uma série de notificações na justiça para que se retratassem da afirmação de que eu tinha sido condenado por racismo. Eu não fui condenado por racismo. Eu não sou criminoso. Eu me retratei e assumi uma série de compromissos em benefício da conciliação e da concórdia com a entidade pública de Brasília, que tenho regularmente feito os depósitos necessários e acordados em juízo. Publiquei o acordo no Correio Brasiliense e na Folha de São Paulo e isso foi manipulado pela imprensa como uma forma de condenação. Eu sou jornalista e vou criticar! Vou criticar o Ali Kamel, Heraldo Pereira e o Gilmar Mendes.
O assunto nas duas ações do Heraldo é exatamente a crítica que faço ao Ali Kamel. Ele é o foco, o ponto nevrálgico da minha observação e, quando me refiro ao "negro de alma branca", me refiro exatamente ao negro que não protesta contra as medidas, as instituições e os processos que provocam a desigualdade e a marginalização do negro.
O Ali Kamel, em minha opinião, é um ideólogo, um divulgador de posições e preceitos que prejudicam a integração do negro. A minha crítica é a ele e ao fato de que o comportamento profissional do Heraldo se encaixa nesse protótipo de negro que não luta pelo negro.
Nesse momento, tento fazer a primeira pergunta, mas...
Só para concluir, eu tenho 51 anos de jornalismo, de vitrine. A minha biografia está aí nesse documento e nunca, em momento nenhum, fui acusado de qualquer tipo de racismo ou de qualquer tipo de atitude discriminatória contra negro, judeu, nordestino, palestino, homossexual, transexual... Nada, nunca! O Sr.Heraldo Pereira resolveu pegar uma frase fora de contexto e, movido por interesses que eu localizo nos interesses políticos do ministro Gilmar Mendes - sua testemunha no processo civil -, resolveu me calar. O que ele quer é me cercear, é impedir que eu o critique, ele e o Ali Kamel.
E eu vou criticá-lo, vou criticar o Ali Kamel, é o meu direito! E vou criticar o Gilmar Mendes por que, em minha opinião, é o espírito santo de orelha dessa ação que, para mim, nada mais é do que uma burla. Como eu digo nesse documento que está na justiça, uma burla para se vingar de mim, porque no meu blog Conversa Fiada, digo que o Gilmar Mendes não tem as necessárias indispensáveis qualidades para exercer o cargo de Ministro do Supremo, do ponto de vista técnico e, sobretudo, do ponto de vista da ética, por que o homem que se beneficia das oferendas de um dos principais advogados do Brasil, que tem uma centena de causas que correm nas instâncias superiores da justiça brasileira, como o Sr. Sérgio Bermudes, este homem não tem autoridade moral para sentar-se na Suprema Corte.
O meu problema, portanto, é menos com Heraldo do que com Ali Kamel, e, na máxima instância, com o Sr. Gilmar Mendes. Essa ação que o Ministério Público do Distrito Federal encampou contra mim faz parte de um processo mais amplo que se chama a judicialização da censura no Brasil, e o Heraldo, em minha opinião, nada mais é do que um veículo disso, um instrumento dessa política. Eu não tenho nenhum problema em ter feito um acordo com ele, um acordo no civil que teve o título de uma retratação, que, segundo me ensinou o meu advogado Cesar Marcos Klouri, nada mais é do que uma decisão de interromper o mal que, por ventura, tenha sido feito. Retratar-se é impedir que o mal, que por ventura tenha sido feito, não continue a ser feito.
Eu me retratei porque, se ele, Heraldo, na pessoa física como cidadão, se considerou ofendido pela expressão 'negro de alma branca', eu lamento que isso tenha ocorrido e me retrato, agora não me retrato daquilo que eu disse. Uma que não foi feito com caráter racista, e ele, Heraldo, concorda. É bom ficar muito claro para os leitores da revista RAÇA BRASIL. O Heraldo assinou documento perante o juiz de direito em que ele diz: "A expressão 'negro de alma branca' não teve a intenção de ser uma ofensa e nem tem caráter racista." Quem diz isso não sou só eu, quem diz que essa expressão foi usada sem caráter racista foi o Heraldo Pereira. A assinatura dele foi firmada na minha frente e na de um juiz de direito, portanto, a manipulação promovida por ele ou não é uma questão a ser discutida mais tarde num outro fórum, numa outra circunstância.
E Paulo Henrique continua a sua defesa...
A utilização desse documento de retratação em que ele concorda com a expressão 'negro de alma branca' não foi utilizada numa colocação racista. A manipulação desse meu prejuízo é outra questão e mereceu, de minha parte, com ajuda de meu advogado, uma série de notificações na justiça para que se retratassem da afirmação de que eu tinha sido condenado por racismo. Eu não fui condenado por racismo. Eu não sou criminoso. Eu me retratei e assumi uma série de compromissos em benefício da conciliação e da concórdia com a entidade pública de Brasília, que tenho regularmente feito os depósitos necessários e acordados em juízo. Publiquei o acordo no Correio Brasiliense e na Folha de São Paulo e isso foi manipulado pela imprensa como uma forma de condenação. Eu sou jornalista e vou criticar! Vou criticar o Ali Kamel, Heraldo Pereira e o Gilmar Mendes.
Tivemos acesso ao processo. Eu dei uma olhada e... (outra interrupção)
Você viu os termos da retratação?
O senhor não se sente condenado e sim uma pessoa que fez um acordo no qual o colega de profissão aceitou isso.
É importante ficar claro. Eu não fui condenado, e ele assinou um documento em que diz que a expressão 'negro de alma branca' não foi usada em caráter racial.
E o senhor considera a expressão 'negro de alma branca' como sendo racista?
Ao contrário, a expressão é uma crítica ao racismo, uma crítica àqueles que se conformam com o racismo.
Nos laudos que envolvem o processo, o senhor diz que, se Pelé e Barack Obama fossem entrar com processo todas as vezes que dissessem que eles são 'negros de alma branca', os dois não fariam outra coisa na vida.
Não, o sistema judicial americano e brasileiro seriam paralisados para discutir essa ação, porque quantas pessoas já chamaram o Pelé de 'negro de alma branca' e foi no sentido racista. Você acha que foi?
Eu não sei, não posso lhe responder.
Não é racista! Foi uma pergunta que fiz a uma repórter do Estadão [jornal O Estado de S.Paulo] , a única que disse que houve um acordo e não uma condenação. Ao fim da conversa por telefone, eu perguntei a ela: "Vem cá, você acompanha a minha vida profissional faz quanto tempo? Há não sei quantos anos, você acha que eu sou racista?"
Chame os seus leitores, Pestana, chame um por um aqui na minha casa e eu vou perguntar no olho dele. Eu pergunto: você acha que eu sou racista?
Essa é uma pergunta muito complexa para se responder. Mas o senhor tem uma lista enorme de processos contra órgãos de imprensa. Sente-se um perseguido?
Sim, eu e os jornalistas brasileiros estamos sendo vítimas de um processo de censura pela via judicial. Eu, o Juca Kfouri - que merece 50 processos de um "grande brasileiro" que nós todos admiramos e não há admiração que seja suficiente para mostrar a maneira pela qual o respeitamos, que é o "grande brasileiro Ricardo Teixeira".
Ele move 50 ações contra o Juca Kfouri! A revista Veja move uma dezena de ações contra o jornalista Luis Nassif. O Luis Azenha é processado pelo Ali Kamel; o Rodrigo Viana é processado pelo Ali Kamel; o Amauri Ribeiro Junior é processado pelo José Serra. E eu tenho, assim, uns 50 processos, todos eles têm como matriz, como gérmen, como semente, o Daniel Dantas, o que não me surpreende de ter visto. Por exemplo, recentemente publiquei no meu site um áudio em que um dos jornalistas, pseudojornalista, chamado Leonardo Atuch, combina com o 'grande' empresário brasileiro, notável, que nós todos deveríamos idolatrar e levá-lo para dar aula de administração de câmbio na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Sr. Naji Nahas. Os dois combinam maneiras de processar a mim e o Mino Carta com palavras indecorosas. Sobre isso, conversaremos na justiça mais à frente.
E quem é Naji Nahas? É o doleiro que aparece na Operação Sati-agraha como sendo o doleiro do Dantas. Quem é o jornalista que está conversando com ele? É o jornalista suspeito de fazer parte do esquema Dantas de comunicação.
Quem é Gilmar Mendes? É o ministro que concedeu dois habeas-corpus em quarenta e oito horas para tirar Dantas da cadeia. Quem me processa também é Heráclito Fortis. E quem é Heráclito Fortis? O homem que disse na tribuna do Senado que era amigo do Dantas, que tomou todas as medidas e teve todos os comportamentos durante a CPI dos Correios para defender Dantas. Já disse isso no processo judicial e fui absolvido. E tantas vezes quanto for processado serei absolvido. Eu quero te dizer, me considero perseguido, mas não tenho a menor dúvida de que ganharei todas as causas e sabe por quê?
Você viu os termos da retratação?
O senhor não se sente condenado e sim uma pessoa que fez um acordo no qual o colega de profissão aceitou isso.
É importante ficar claro. Eu não fui condenado, e ele assinou um documento em que diz que a expressão 'negro de alma branca' não foi usada em caráter racial.
E o senhor considera a expressão 'negro de alma branca' como sendo racista?
Ao contrário, a expressão é uma crítica ao racismo, uma crítica àqueles que se conformam com o racismo.
Nos laudos que envolvem o processo, o senhor diz que, se Pelé e Barack Obama fossem entrar com processo todas as vezes que dissessem que eles são 'negros de alma branca', os dois não fariam outra coisa na vida.
Não, o sistema judicial americano e brasileiro seriam paralisados para discutir essa ação, porque quantas pessoas já chamaram o Pelé de 'negro de alma branca' e foi no sentido racista. Você acha que foi?
Eu não sei, não posso lhe responder.
Não é racista! Foi uma pergunta que fiz a uma repórter do Estadão [jornal O Estado de S.Paulo] , a única que disse que houve um acordo e não uma condenação. Ao fim da conversa por telefone, eu perguntei a ela: "Vem cá, você acompanha a minha vida profissional faz quanto tempo? Há não sei quantos anos, você acha que eu sou racista?"
Chame os seus leitores, Pestana, chame um por um aqui na minha casa e eu vou perguntar no olho dele. Eu pergunto: você acha que eu sou racista?
Essa é uma pergunta muito complexa para se responder. Mas o senhor tem uma lista enorme de processos contra órgãos de imprensa. Sente-se um perseguido?
Sim, eu e os jornalistas brasileiros estamos sendo vítimas de um processo de censura pela via judicial. Eu, o Juca Kfouri - que merece 50 processos de um "grande brasileiro" que nós todos admiramos e não há admiração que seja suficiente para mostrar a maneira pela qual o respeitamos, que é o "grande brasileiro Ricardo Teixeira".
Ele move 50 ações contra o Juca Kfouri! A revista Veja move uma dezena de ações contra o jornalista Luis Nassif. O Luis Azenha é processado pelo Ali Kamel; o Rodrigo Viana é processado pelo Ali Kamel; o Amauri Ribeiro Junior é processado pelo José Serra. E eu tenho, assim, uns 50 processos, todos eles têm como matriz, como gérmen, como semente, o Daniel Dantas, o que não me surpreende de ter visto. Por exemplo, recentemente publiquei no meu site um áudio em que um dos jornalistas, pseudojornalista, chamado Leonardo Atuch, combina com o 'grande' empresário brasileiro, notável, que nós todos deveríamos idolatrar e levá-lo para dar aula de administração de câmbio na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Sr. Naji Nahas. Os dois combinam maneiras de processar a mim e o Mino Carta com palavras indecorosas. Sobre isso, conversaremos na justiça mais à frente.
E quem é Naji Nahas? É o doleiro que aparece na Operação Sati-agraha como sendo o doleiro do Dantas. Quem é o jornalista que está conversando com ele? É o jornalista suspeito de fazer parte do esquema Dantas de comunicação.
Quem é Gilmar Mendes? É o ministro que concedeu dois habeas-corpus em quarenta e oito horas para tirar Dantas da cadeia. Quem me processa também é Heráclito Fortis. E quem é Heráclito Fortis? O homem que disse na tribuna do Senado que era amigo do Dantas, que tomou todas as medidas e teve todos os comportamentos durante a CPI dos Correios para defender Dantas. Já disse isso no processo judicial e fui absolvido. E tantas vezes quanto for processado serei absolvido. Eu quero te dizer, me considero perseguido, mas não tenho a menor dúvida de que ganharei todas as causas e sabe por quê?
" GOSTARIA DE PEDIR AOS LEITORES DA REVISTA RAÇA BRASIL, QUE EU CONHEÇO E RESPEITO, QUE ME DIGAM QUANTAS VEZES O PAULO HENRIQUE AMORIM DEFENDEU OS NEGROS E AS COTAS RACIAIS? E QUANTAS VEZES O HERALDO PEREIRA DEFENDEU? "
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Nesse momento Paulo Henrique Amorim pega um pequeno quadro emoldurado com duas frases escritas.
Recentemente, eu, meu advogado e o presidente do Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé, fomos ao gabinete do ministro Aires Brito, presidente do Supremo Tribunal Federal, convidá-lo para participar do congresso do Barão de Itararé, na Bahia, no mês de maio, e pedimos a ele que nos desse uma frase que colocaríamos como banner na mesa dos trabalhos que abririam o congresso. Ele disse que não daria uma, mas duas. A primeira é: A Liberdade de Expressão é a Maior Expressão da Liberdade! O autor dessa frase é Aires Brito.
A outra é: Os Excessos de Liberdades se Corrigem com Mais Liberdade Ainda. E de quem é? De Alexis de Tocqueville, então, meu caro Pestana, eu vou ao supremo com esse quadrinho aqui na mão e quero ver só o seu Daniel Dantas me condenar, quero ver o Gilmar Mendes me condenar, quero ver o Naji Nahas me condenar, quero ver o Heraldo me condenar!
A Rede Globo sempre foi uma aliada da difusão de religiões de matrizes africanas, inclusive... (nova interrupção)
Quem disse isso?
Voltando à pergunta, a Rede Globo sempre foi uma aliada da difusão de religiões de matrizes africanas, inclusive com vários seriados de Jorge Amado. Já a Record, emissora que o senhor trabalha, 'sataniza' essas religiões.
Não é verdade!
Continuando, teve até processo por 'satanização' dessas religiões. Como o senhor vê isso?
Isso não é verdade, a Record não sataniza nada. Isso é uma mentira, eu contesto essa pergunta com duas informações: a primeira é que a Globo seja uma defensora da causa dos negros. Quantos heróis negros têm na Globo, além de Lázaro Ramos, me diga?
" HERALDO PEREIRA RESOLVEU PEGAR UMA FRASE FORA DE CONTEXTO E, MOVIDO POR INTERESSES QUE EU LOCALIZO NOS INTERESSES POLÍTICOS DO MINISTRO GILMAR MENDES - SUA TESTEMUNHA NO PROCESSO CIVIL -, RESOLVEU ME CALAR. O QUE ELE QUER É ME CERCEAR "
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Talvez essa segunda pergunta vá bem na direção do que o senhor está dizendo. Além de Heraldo Pereira, a Globo ainda conta com Delis Ortiz, Zileide Silva, Maria Julia, Glória Maria, entre outros, que são jornalistas reconhecidas nacionalmente. O senhor sabe quantos negros a Record tem? E o seu programa? Já se questionou, algumas vezes, sobre a falta de negros na Record?
Veja bem, a Record tem repórteres negros tanto quanto a Globo. Eu não sou responsável pela política de pessoal na Record e quero lhe desafiar a mostrar em algum programa, em alguma atividade pública profissional que eu tenha tido em 51 anos de profissão - muitos e muitos espaços a serem percorridos na minha vida profissional, portanto, descobrir erros e falhas na minha vida profissional é a coisa mais fácil do mundo - mas quero ver descobrir um único ato meu de discriminação em relação ao profissional negro. E você conhece alguns desses jornalistas negros da Globo que tenha se pronunciado publicamente a favor das cotas raciais?
Essa é outra pergunta que eu iria fazer. O senhor é favorável às cotas?
Claro! E você já viu o Heraldo defender as cotas?
Na entrevista que ele concedeu à RAÇA BRASIL, ele defendeu...
Pela primeira vez, que eu saiba. É a primeira vez!
E qual medida o senhor acha que um negro deve tomar quando se sentir discriminado?
Processar, processar, processar... Pela lei CAÓ e pela lei Afonso Pires, mas não fazer a burla de que eu estou sendo vítima. No meu caso, segundo o Heraldo, eu não usei a expressão 'negro de alma branca' no sentido racista. Mas o Ministério Público do Distrito Federal assim entende, sob inspiração intelectual, moral e política do ministro Gilmar Mendes.
Como responde às acusações de que o Governo Federal patrocina muitas das ações jornalísticas (com mais de R$ 800 mil) no seu blog, via Caixa Econômica Federal?
Eu responderei essa pergunta depois que me disserem quanto a Caixa Econômica põe na Globo. Diga ao seu leitor que eu darei essa informação depois que ele descobrir quanto que a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e a Petrobras põem na Globo.
Alguma coisa a acrescentar?
Gostaria de pedir aos leitores da revista RAÇA BRASIL, que eu conheço e respeito, que me digam quantas vezes o Paulo Henrique Amorim defendeu os negros e as cotas raciais? E quantas vezes o Heraldo Pereira defendeu?
Veja bem, a Record tem repórteres negros tanto quanto a Globo. Eu não sou responsável pela política de pessoal na Record e quero lhe desafiar a mostrar em algum programa, em alguma atividade pública profissional que eu tenha tido em 51 anos de profissão - muitos e muitos espaços a serem percorridos na minha vida profissional, portanto, descobrir erros e falhas na minha vida profissional é a coisa mais fácil do mundo - mas quero ver descobrir um único ato meu de discriminação em relação ao profissional negro. E você conhece alguns desses jornalistas negros da Globo que tenha se pronunciado publicamente a favor das cotas raciais?
Essa é outra pergunta que eu iria fazer. O senhor é favorável às cotas?
Claro! E você já viu o Heraldo defender as cotas?
Na entrevista que ele concedeu à RAÇA BRASIL, ele defendeu...
Pela primeira vez, que eu saiba. É a primeira vez!
E qual medida o senhor acha que um negro deve tomar quando se sentir discriminado?
Processar, processar, processar... Pela lei CAÓ e pela lei Afonso Pires, mas não fazer a burla de que eu estou sendo vítima. No meu caso, segundo o Heraldo, eu não usei a expressão 'negro de alma branca' no sentido racista. Mas o Ministério Público do Distrito Federal assim entende, sob inspiração intelectual, moral e política do ministro Gilmar Mendes.
Como responde às acusações de que o Governo Federal patrocina muitas das ações jornalísticas (com mais de R$ 800 mil) no seu blog, via Caixa Econômica Federal?
Eu responderei essa pergunta depois que me disserem quanto a Caixa Econômica põe na Globo. Diga ao seu leitor que eu darei essa informação depois que ele descobrir quanto que a Caixa Econômica, o Banco do Brasil e a Petrobras põem na Globo.
Alguma coisa a acrescentar?
Gostaria de pedir aos leitores da revista RAÇA BRASIL, que eu conheço e respeito, que me digam quantas vezes o Paulo Henrique Amorim defendeu os negros e as cotas raciais? E quantas vezes o Heraldo Pereira defendeu?
" A EXPRESSÃO ('NEGRO DE ALMA BRANCA') É UMA CRÍTICA AO RACISMO, UMA CRÍTICA ÀQUELES QUE SE CONFORMAM COM O RACISMO "
No início da entrevista, Paulo Henrique Amorim mostrou um pouco de sua história em fotos emolduradas nas paredes de seu escritório que retratam o jornalista em algumas das redações em que atuou, entre elas, as da revista Veja, Jornal do Brasil e Rede Globo. Mas uma foto em especial chamou a nossa atenção. Na imagem, Paulo Henrique está ao lado de um senhor negro, o professor de Geografia Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maurício "Black" Silva Santos - o preferido dos alunos para ser paraninfo nos eventos de formatura. "Para você ter uma ideia de sua importância e do carinho que tínhamos por ele, a fundação Victor Civita fazia uma espécie de anúncio, inclusive na Veja, com pessoas famosas para escolher o professor mais querido e fotografar ao seu lado. O professor Maurício "Black" era sempre o escolhido. Nessa foto estamos rindo porque estávamos lembrando do traseiro poliédrico da professora de matemática", conta Paulo Henrique Amorim. |
Revista Raça Brasil
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