Rio -  Não adianta mais apelar para a cegonha ou mudar de assunto quando os filhos perguntam sobre sexo, principalmente para a geração da Internet e TV a cabo. Por ser situação desconfortável, muitos pais não sabem lidar bem com o momento e acabam decepcionando seus filhos na hora da conversa.

Para o obstetra e ginecologista Domingos Mantelli, o segredo é não se antecipar à curiosidade do filho. “O ideal é falar com ele de acordo com o interesse demonstrado. Esperar a criança vir até você e não
responder mais do que foi perguntado é o melhor caminho”.

Ainda segundo o especialista, os pais precisam criar uma relação de cumplicidade com seus filhos. E a honestidade, diz é a melhor maneira de conseguir boa convivência. “Os filhos têm que ver os pais como amigos mesmo, não como estranhos. A verdade desenvolve laços de
confiança. Não esconder ou mentir para os filhos cria um sentimento de segurança neles”, garante. Além disso, nomear corretamente as partes do corpo é muito importante.

PUBERDADE

Mantelli afirma também que a puberdade é o momento indicado para se ter a conversa. “Cada criança desenvolve sua maturidade sexual com seu próprio tempo. Se até os 12 anos a criança não tiver feito nenhuma pergunta, o
responsável pode introduzir o assunto”, explica o especialista.

A estudante de Biologia Maria Romero, 20 anos, tem uma relação de confiança com os pais. Desde pequena, ela divide o que acontece na sua vida com os dois. “Sempre tive uma relação muito aberta e confiei muito no que eles me diziam. Quando não estou me sentindo bem, com alguma coisa, ou estou angustiada, eu falo com a minha mãe. Com meu pai, eu falo sobre sexo”, conta a jovem.

Antes de ter seu primeiro relacionamento sexual, Maria procurou o pai para conversar e tirar as dúvidas que tinha. “Quando estava nessa situação que, para qualquer menina, é difícil, não tinha muita noção do quão sério era isso. Então, fui falar com meu pai para saber a opinião dele, já que eu acho ele a pessoa mais sensata que conheço e a em quem mais confio”.

A orientação recebida em casa é essencial para evitar muitas consequências negativas que o sexo pode trazer na adolescência. Para Domingos Mantelli, os filhos devem saber que uma boa sexualidade está ligada ao afeto e não a algo aleatório ou a uma busca de prazer imediato, pois os resultados podem ser desastrosos.

Segundo ele, o diálogo em casa permite ao jovem ficar bem informado sobre os possíveis riscos que uma relação sexual traz, como doença sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. “Assim, ele fica mais protegido”, explica.